Amigos, juro que procurei. Pra vocês verem que procurei, eu procurei fumar cigarro Hollywood que a televisão me diz que é o cigarro do sucesso. Eu sou sucesso! Eu sou sucesso! Procurei mas não achei motivação para falar do vagabundíssimo Flamengo x Vasco da 2ª rodada do natimorto carioqueta 2020.
Sei que não sou dos caras mais profundos, mas a pelada clandestina foi o suprassumo da irrelevância. Claro que enfileirar 15 partidas seguidas sem derrota para a nossa baranga é uma marca digna de nota. Era abril de 2016, hoje quase ninguém mais lembra que o Brasil nessa época era a democracia mais importante do Cone Sul, na última vez em que os filhos da bigoduda conseguiram comemorar alguma coisa depois de jogar com o Flamengo. Excetuando-se, claro, a significativa Taça Empatei com o Flamengo, que eles conquistaram naquele 4×4 maluco em novembro passado e comemoraram bagarai.
Arrisco-me a estar falando besteira, risco ao qual estou acostumadaço, mas tanto fizeram que os Flamengo x Vasca perderam a graça. Pros infelizes da camisa feiona já perdeu a graça há um tempão, mas agora até pra gente tá ficando meio chato o troço. Vejam, o Flamengo ganhou dos caras colocando um time em campo em que vários moleques não podem nem entrar em boate de saliência. E caso conseguissem subornar o leão de chácara teriam que pegar as prima bebendo guaraná. Teve uma moça que disse no Twitter “Eu vi criança de colo ganhar do vasco”.
Tá certo que a vasca também veio com um time dimenó. Que mostraram que sabem perder pro Flamengo que nem gente grande. Ponto pra base vascaína, que tá sabendo reproduzir a filosofia de jogo do time de cima. Contudo, até o mais empedernido e impiedoso rubro-negro é forçado a admitir que colocar os nossos cria, cevados com Danoninho, Whein Protein e água potável pra pegar a molecada que passa por terríveis privações em sãojanu é uma espécie branda de covardia. E covardia, não importa o grau, nós somos todos muito contra. Não queremos desamizade com o Conselho Tutelar.
Já tem gente especializada em diversões públicas pensando seriamente em como solucionar o problema do declínio de interesse em um jogo que todo mundo já sabe qual vai ser o resultado antes dele começar. Entre as sugestões apresentadas para esquentar o próximo Flamengo x Bacalhau estão: o Flamengo escalar o sub-15, o Flamengo escalar o Fraldinha, o Flamengo escalar o time dos sósias, o Flamengo montar um time paralímpico.
Não sabemos se essas ideias vingarão, do jeito que banda toca há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará uma dúzia de ovos flamengos (11 na linha e o juiz) para vencer a vasca outra vez. Portanto, palmas pros nossos moleques, mas sem muito confete, que não fizeram nada além da obrigação. E vamos mudar de assunto, pros infantes não se empolgarem antes de encarar o Voltaço, que vai ser um jogo muito mais duro. A vitória foi doce, mas vã, não a façamos fátua. O jogo foi daqueles que conseguiram cair no esquecimento antes do primeiro tempo acabar. A grande verdade é que se os jogos do Flamengo no Carioca valessem alguma coisa eles passariam na TV.
Muito diferente, por exemplo, da histórica carcada por trás que o Mengão deu no freguês River Plate em Lima. Um jogo épico do qual ainda ouviremos comentários entusiasmados por muitos e muitos anos. Numa madrugada dessas, por pura distração e preguiça de me içar do sofá, hipnotizado pelos raios catódicos da televisão, acabei assistindo pela enésima vez aos minutos finais daquele jogo que foi um lírico King Kong de emoções. E tive então uma esquisitíssima, e provavelmente ilegal, epifania religiosa.
Naqueles breves momentos que separavam os dois gols de Gabriel, voltei meu pensamento para Deus. Olha, não é pra me gabar, não, mas Ele deve ter percebido. Não sou daqueles clientes chatos que ficam enchendo o saco, pedindo alguma coisa toda hora, ou O responsabilizando pelas misérias que acontecem aqui na parte superior da litosfera do planeta que Ele supostamente criou em seis dias e nem sendo um filho da puta falando altas merdas pra cortar a onda dos outros em Seu nome. Então eu acho mesmo que na hora que um ateu safado do meu naipe pensa no Ser Supremo, descrito por teólogos como onisciente, onipotente, onipresente, onibenevolente e amoroso, Ele presta atenção.
Ainda por cima o pensamento que eu estendi a Deus ali durante os quase três minutos entre os gols foi altruísta. Não pensei em Flamengo, pensei foi na torcida do River. Que mesmo tendo mais é que se foder muito pra deixar de ser nojenta, violenta e racista, também conta entre os seus com vários malucos crentes em Deus. Mas se Deus sabe tudo, se mete em tudo e fica até contando os fios de cabelo das cabeças do mundo como explicar a atitude Dele em causar tamanho sofrimento pros felas da puta que torcem pro River?
Porque se o cabra acredita mesmo em Deus, mesmo sendo argentino, é meio que obrigatório que ele também acredite que Deus é gente boa. Claro, o argentino lá tanto pode ser um teísta, que crê em um Deus providente e interferente, como pode ser um deísta, desses que acreditam na criação do universo por uma inteligência superior através da razão, do livre pensamento e da experiência pessoal, em vez daquelas paradas das religiões teístas como revelação direta ou tradição. Em ambos os casos o argentino que crê em Deus e torce pro River deve ter ficado boladão com o castigo do qual Gabigol foi instrumento.
Os três minutos entre os gols ainda não tinha acabado eu continuava pensando, porque provavelmente a malha espaço-tempo se expanda naturalmente quando pensamos em Deus, será que depois de tomar aquela porrada no meio da cara os riverenses colocaram em questão a existência desse Ser Superior? Ou ao menos se animaram a investigar quais seriam os propósitos de Deus naquele sábado à tarde? Parece ser uma conclusão óbvia que em nenhum momento os torcedores do River crentes admitiram a possibilidade de que Deus fosse, na verdade, torcedor do Flamengo.
Porque é lógico acreditar que se a hipótese contrária fosse realidade nenhum rubro-negro, por mais carola que fosse, ia virar casaca. Até pra ser religioso a compostura estabelece limites. Flamengo über alles e quem não concordar é clubista. A essa altura eu devia estar marcando vários pontos com Deus (caso Ele, ou Ela, por que não?, exista mesmo). Mas aí o Pinola deliverou a cocada, o Gabriel fagocitou os camisa feia de Nuñez, eu gritei uns palavrões mais uma vez, acabou-se a onda de pensamentos religiosos durante videotapes importantes e fui dormir porque já era tardão.
O que não me impediu de voltar novamente ao raciocínio enquanto batucava esse desimportante pós-jogo de um jogo mais desimportante ainda. Tenho certeza de que ficou mais do que evidente aos que me leem que me faltam as armas e as luzes necessárias para desenvolver qualquer digressão mais elaborada, profunda ou que dure mais de três minutos, sobre a existência de Deus.
Como fez o amigo anarquista Bakunin, que afirmava que Deus era uma criação das elites — reis, donos de escravos, senhores feudais, sacerdotes safados, capitalistas em geral — pra justificar a sociedade autoritária, divinizando as relações de dominação: Deus é o Senhor, Rei, Diretor de Bateria e o escambau, e o mundo inteiro é escravo ou súdito. Para que os cavalgados do mundo acreditassem que carregar os Cavalcantes nas costas fosse um fato natural, cósmico e eterno ao qual só lhes restaria a resignação. Apesar de não lido isso na internet parece verídico esse bilete.
Tão verídica quanto a certeza absoluta, comprovada a cada minuto em que a bola rola pelos gramados do mundo, de que Deus, existente ou não, flamenguista ou não, transcendente ou imanente, piedoso ou malvadão, evita se meter nessas encrencas futebolísticas. Até nas nossas peladas mais safadas Deus fica no time de fora. E piru de fora não se manifesta. Como bem sintetizou o Joe Pesci na hora que o kisuco ferveu n’O Irlandês: é o que é, é assim que as coisas são. Ainda bem.
Mengão Sempre
Compram mal e vendem pior ainda.
Não é possível que seja só incompetência !..
Kkkk
Daqui a pouco vem o psicólogo fake chamar todo mundo de ladrão, o comuna criticar a diretoria por estar propondo à Globo que pague mais ao Fla do que ao foguinho (absurdo), enaltacer o campeonato carioca e chamar alguém de nazista, a gazela dizer que tem que mandar BH, Gabigol, Jesus, Rafinha, FL, tudo pra PQP e só contratar jogador flamenguista desde criancinha que chora na apresentação, tipo Vagner Love e o Ladrilheiro escrever um texto dizendo como essa diretoria vai acabar com o Flamengo porque é fascista e matou criancinhas e deixou famílias desamparadas.
Aí daqui a 2 semanas estarão todos comemorando o título da Supercopa do Brasil, com 2 gols do Gabigol.
Kkkkkk
vai ter babaca dizendo que 40 milhões por pablo mari é um grande negocio.
sendo que o valor da multa ultrapassa os 120 milhões.
SRN !
Não falei? Kkkkk
https://oglobo.globo.com/esportes/flamengo-espera-lucrar-quase-40-milhoes-com-venda-de-mari-24212045
Só lembrando que teve um iluminado aqui outro dia – creio que de forma jocosa – dizendo que “essa diretoria vende mal e compra ainda pior”.
Deve ter sido aplaudido pelo outro que manda o Jesus e o Gabigol para a PQP e pede jogador que chora e beija escudo na apresentação.
Kkkk
Por falta de palavras e pobreza de expressão desisto de comentar tuas crônicas, mas saiba que do 1º ao último parágrafo e linha a gargalhada não para.
srn p&a
Taí. Primeira vez que concordo 100% com um comentário teu.
Viu? Podemos concordar às vezes.
Adoro as citações das músicas do Raulzito, É fim de mês é sensacional….
1 – Sempre lembrando que foi com o ponto da “taça empatei” que comemoramos o título brasileiro no trio elétrico naquele ressacante domingo de novembro.
2 – Gente.Vamos parar né… o Castan sentiu.
3 – #FicaAbel
Arthur, estou sorvendo seu livro (Heptacular), com a dose necessária de cautela para não ficar totalmente entorpecido porque a idade já não me permite mais tanto.
Mas aí fico lendo as aus novas publicações e viajo mais ainda .
Estou preocupado em dançar em qualquer blitz, mesmo das mais sem preparo….
Sensacional !
SRN
Deus existe sim e por isso mandou seu filho novamente entre nós para dessa vez ser Glorificado pela mais importante das Nações. Tenha fé…kkk
Sensacional, como sempre!
Fala Arthur,
Como prometido, aqui estoy. Kkkk.. Beleza de texto, na hora que o trem aperta, vale tudo, Deus, Cristo, Buda, Alá, divindades outras, mitologias diversas e por aí vai. É a hora em que negociamos com o além, inflamos nossas virtudes, reduzimos nossos pecados e pedimos (justificando no balanço das horas) o título esperado.
Nem lembro o que eu estava pensando, estava em transe só. Com relação aos da camisa feiona, tá foda até de zoar os caras. Mas vamos no sapatinho, pq o Deus Oba Oba sempre foi cruel com a gente. Um desafio ainda mais difícil para os bem vestidos, ainda mais com os mulambos que compõem nosso time, mas essa é nossa sina, nosso maior desafio, nos manter humildes e no sapato contra todo o esforço que o Mengão tem feito ultimamente para abastecer nossa fleuma de seres superiores no universo do futebol.
SRNs.
Estou com a Maura e não abro.
Assuntos espirituais não me atrevo a discutir, pois, em tal matéria, respeito todas as opiniões.
No que toca aos jogos contra o Vasquinho, a falta de graça mais uma vez presente.
Em assim sendo, bola pra frente, que atrás vem gente (uma frase genial, sem a menor dúvida)
SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – Aureo, esta é facílima de acertar.
Inolvidável (epa !, à la Xisto) BB, minha companheira de viagem no longínquo ano pouco santo de 1964.
Muitas saudades
Carlos Moraes,
essa foi pule de 10.
Um vídeo para se matar a saudade. E você andou também se “afobando” no cinema? (kkkkkk)
SRN!
https://www.youtube.com/watch?v=SrL7SOq6sDA
Aureo,
mas é claro que sim.
Creia-me, antes do Vadim, quem descobriu a BB fui eu.
Acredite, pois é verdade.
Lá pelos anos 50 e pouquinho, fui ao falecido Cinema Alvorada, lá no finzinho do Posto 6.
MANINA, a menina sem véu.
BB com cerca de 16/17 anos.
Pedofilia e tanto … e haja ^afogamento^
Em 64, providencialmente fui fazer um curso de Ciências Sociais e Políticas (veja que despautério, para o ano) na Europa.
Quando chego no Aeroporto, em dezembro, para retornan à Pátria Amada, Salve, Salve um tremendo borborinho.
Imprensa e o caralho a quatro.
Fiquei orgulhoso, pois não tinha o menor conhecimento da minha tão grande importância.
Na verdade, era a BB, junto com aquele egípcio/brasileiro que comia ela (aliás, o bom FDP comia todas) que vinha para o Brasil, mais especificamente para Búzios.
Velhos tempos, os aviões da extinta Panair faziam escala em Recife, após cruzar o Atlântico.
Descemos, com imprensa e tudo o mais, e até batemos um papinho.
Um colosso.
Se tivesse acontecido uns cinco anos antes, Dio Mio, não haveria Palmita para tanto afogamento.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – que sacanagem colocarem no final aquela fotografia da velha ex-menina.
Teve jogo do Flamengo???!!!
Pô, ninguém me avisa!! (Patropi)
Bravo Arthur,
Até nisso, nossa fé é maior !
Pois Deus se manifesta de várias formas e religiões.
Eu mesmo, recorri a ele em Lina, naquele 23 de Novembro. Como já havia pedido também em 81. Quando assisti in locco …
No mais, teus textos continuam foda como sempre.
Saudações Rubro-Negras !!!
Tento separar frases… parágrafos…pequenas linhas para comentar mas é tarefa impossível…Arthur mais uma vez (esperar que seja diferente é besteira) abusou da arte divina de escrever bem…. acredito que nem pedindo a Deus um pouco de malandragem eu conseguiria comentar…
*Simplesmente Fodastico!*
SRN
CLDN
Pra quem não tem essa imensa inspiração para colocar as idéias (e ideais) assim como eu, só nos restam bater muitas palmas!
Arrebentou nas digressões!
Só o Arthur tem a devida licença poética pra falar de Deus sem ser ofensivo, piegas ou em tom de pregação. É um monstro.
SRN