Somos todos analfabetos em recuperação, status do qual só nos veremos livres quando promovidos a analfabetos irrecuperáveis. E por compartilharmos essa condição às vezes nos falta aquela palavra. Aquele termo absolutamente necessário e indispensável para expressar um pensamento com exatidão. Na maior parte das vezes a ignorância, a pressa e a nossa vontade de falar são maiores que o nosso zelo pela clareza e exatidão e acabamos nos contentando com a primeira palavra cujo sentido se aproxime do pensamento original que buscávamos exprimir.
É um costume reprovável, que não ajuda a aumentar o vocabulário, nem a clareza das ideias, e ainda dá margem às mais amalucadas interpretações daquilo que dizemos. Mas analfabetos são assim mesmo. Esse desapego pela palavra exata, le mot juste, que poderia ser o slogan do grande Luiz Mendes, nos faz muitas vezes adotar algumas expressões terrivelmente inverídicas.
Uma delas é o chamado vício em Flamengo. Cada um se vicia no que quiser, a Nação é laica. E não viemos ao mundo pra cortar a onda de ninguém. Mas em Flamengo não dá pra se viciar. Podemos nos apaixonar pelo Flamengo, podemos precisar do Flamengo, podemos ficar doidões com o Flamengo, usar o Flamengo como uma fuga da realidade e até passar mal sem o Flamengo.
Mas apesar da interseção de muitos sintomas com a síndrome de abstinência, o Flamengo não é um vício. Na verdade, é exatamente o contrário, a paixão pelo Flamengo é o antônimo perfeito de vício. O Flamengo é uma virtude. O que vicia mesmo é televisão.
A famosa frase de Marx na Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, de 1844 “A religião é o ópio do povo” foi rapidinho parafraseada na Escola de Frankfurt pra incluir a televisão no inquérito. E os letristas do Beatles não estavam errados, a televisão, ou Máquina de Fazer Doido, como a chamava o Stanislaw Ponte Preta, vicia mesmo. Só que a televisão, ao contrário do ópio, tira o sono. E cria hábitos sedentários e contemplativos dos quais às vezes é difícil se libertar. Como por exemplo, assistir ao Campeonato Carioca, uma droga que nem onda dá.
Ontem o Flamengo estreou na 114ª edição do Carioca com a pompa a circunstância de uma reunião de condomínio. O interesse gerado pelo embate desigual entre o Flamengo e o Alvianil Praiano foi quase nulo. Os 27 mil abnegados presentes só levaram de memorável pra casa o singelo minuto de silêncio em homenagem à jornalista Marilene Dabus, pioneira desbravadora do matagal do jornalismo esportivo desde o tempo em que mulher mal podia frequentar as arquibancadas.
O jogo mesmo foi uma mixórdia, o imberbe sub-20 que o Flamengo colocou em campo fez o que estava ao seu alcance, mas não foi capaz de movimentar o placar, que permaneceu mostrando o insosso 0x0 até o fim. Colocando o Flamengo, ao menos por uma rodada, na embaraçosa terceira colocação do Grupo A. E todos, menos alguns, se importaram com isso.
Porque sem a televisão para edulcorar e magnificar suas disputas paroquiais o idoso Campeonato Carioca não desperta nenhum sentimento mais nobre do que a piedade. Já passou da hora de deixar o Carioca, aos menos em seu atual formato, morrer e acabar de uma vez com seu sofrimento. É uma competição anacrônica e desigual, que rouba tempo precioso de quem almeja alguma coisa melhor na vida, privilegiando os ricos e massacrando os pobres. Vamos combinar que nada no mundo que reúna essas características cachorras pode dar certo, tá okei?
Maior responsável pela suas glórias e o único a garantir a sua sobrevivência nos últimos anos, o Flamengo pode estar dando o coup de grâce no vegetativo Carioca. Se o Flamengo mantiver sua posição de não fechar o acordo com a emissora que o transmite para todo o país, o Campeonato Carioca vai à garra. E a morte do Carioca por inanição provocada por ausência do Flamengo deverá ser comemorada.
Se o Flamengo dispensar ao estadual a importância que ele realmente merece em muito pouco tempo irá fazer desabar todo o sistema federativo que engorda a cartolada e mantém o futebol brasileiro em algum lugar do passado, entre a chegada de Charles Miller e a Copa de 70. Com o fim dos regionais o calendário nacional irá fatalmente se alinhar ao calendário mundial, poupando nossos jogadores da extenuante maratona de 70 jogos por ano, mitigando os efeitos nocivos das janelas de transferência européia e chinesa sobre os times brasileiros e dando às competições de indiscutível relevância a atenção devida. O gurufim do Carioca vai ser só lazer.
Mas não se fazem revoluções sem algum sangue derramado, e uma enorme parcela da Nação já está sendo prejudicada sem a transmissão dos jogos do Flamengo no Carioca. Para quem não mora no Rio e arredores, até que o Flamengo estreie na Libertadores, em março, a única forma de combater a síndrome de abstinência do Flamengo será a Metadona da transmissão radiofônica. Me solidarizo com a mulambada Off Rio, mas também não é o fim do mundo. Além do rádio ser muito legal e exercitar a nossa imaginação, não podemos nos esquecer que foi através das ondas do rádio que a Nação se construiu.
O que não se discute é que enquanto o Flamengo for conivente com a maneira como o Campeonato Carioca é disputado, a competição nunca evoluirá. O Flamengo, pelo seu tamanho e protagonismo, tem a obrigação de devolver algo à sociedade que fez dele o gigante que é. E não é fazendo filantropia e mantendo viva uma competição condenada pela ciência que a essa dívida intangível do Flamengo será paga.
Se existe uma entidade que pode efetivamente fazer algo pela modernização do futebol brasileiro essa entidade é o Flamengo. Ainda que o maior prejudicado em um primeiro momento seja seu torcedor. O Flamengo tem deveres, temos que aceitar essa realidade. De minha parte aceito de bom grado a minha cota de sacrifício e sei que não estou só. Muito poucos não trocariam numa boa os Cariocas que conquistamos nos últimos 10 anos por mais Libertadores e Brasileiros disputados decentemente.
É da natureza do Flamengo liderar as grandes mudanças estruturais no futebol pátrio. Tem sido assim desde 1936 quando o Flamengo firmou pé e fez com o que o futebol brasileiro adotasse o regime profissional. E em 1977 quando Marcio Braga exigiu que as emissoras de TV pagassem ao Flamengo para transmitir seus jogos. Mas vejam como as mudanças demoram a se cristalizar, 84 anos depois do enorme avanço obtido por José Bastos Padilha e o Flamengo ainda abriga amadores em seus quadros diretivos. O Flamengo abandonar o Carioca, e deixar de ter seus jogos transmitidos pela TV significa exatamente isso, é apenas o primeiro passo. Longo é o caminho, mas grande é a meta. A luta continua.
Mengão Sempre
Fomos os únicos, Aureo e eu, a nos posicionar contrariamente.
As minhas dúvidas persistem, inclusive quanto ao desejo do Flamengo de pura e simplesmente acabar com o Carioca.
Isto não impede, muito pelo contrário, de encontrar novas fórmulas para a disputa, que sejam mais rápidas.
No seu excelente comentário, até do ponto de vista dietético, eis que também detesto bife de fígado (provavelmente por ter sido, quando criança, a comer repetitivamente para ^ficar forte^), o Ogrão dá uma excelente contribuição para a forma de disputa.
Perfeito.
Caminhar em um busca de uma solução prática e efetiva é mesmo uma exigência.
A extinção parece-me IMPOSSÌVEL.
Não é fácil, há que se entender, até mesmo a redução de datas.
O Carioca é um dos estaduais, existindo outros vinte e seis.
Até onde sei, os paulistas – que já fazem algo parecido com o que foi sugerido – não se queixam.
Por fim, fico, uma vez mais, com o Aureo.
Por favor me expliquem como ser contra algo e pedir um considerável aumento para dele participar.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Olha, talvez de forma meio… ogra!… não me expressei tão bem. Sou totalmente a favor da extinção do estadual, não só do RJ, mas de todos. Acredito (talvez de forma nem tão ogra…) que os estaduais deveriam ser uma espécie de série B, de classificatória pra alguma coisa (Copa do Brasil, série D, sei lá), mas deveriam ser deixados para os times pequenos. Liga regional. E pronto! E que os grandes (ou, melhor dizendo, o grande e os 3 médios-pra-grandes) jogassem, se fosse o caso (uma excelente remuneração, por exemplo), o mínimo de partidas possível, até como reconhecimento de que esses times (ou melhor, esse time e esses 3 agrupamentos de jogadores… ) têm mais o que fazer. Pesquei isso hoje de um site cujo nome não revelarei, mas identificarei pelas iniciais U.O.L. 🙂 Palavra de Jesus: “Conseguimos controlar ao máximo aquela equipe do Liverpool, sabendo que uma equipe tinha 80 jogos e a outra tinha 27. Se nós tivéssemos 27 e eles 80, seríamos nós os campeões do mundo. Pesou no prolongamento, como é óbvio”. E a conclusão do colunista: “O Flamengo não fez 80 jogos em 2019. Foram 74, ou 76 se contarmos os dois pela Flórida Cup. Dezessete pelo estadual. Sem eles cairia para 59 partidas no ano. Número bem mais razoável.”. Precisa explicar mais alguma coisa? Outro patamar. Carioqueta não vale nada faz tempo. Eu quero é o mundial! Com outra Liberta na conta, claro.
E sem bife de fígado!
“Por favor me expliquem como ser contra algo e pedir um considerável aumento para dele participar”.
Vou dar um exemplo:
Vamos supor que vc fosse convidado para um ato político em apoio ao seu bandido de estim… digo, político preferido. Talvez vc fosse até de graça, mas geralmente o preço cobrado é 50 pilas e um sanduba de mortadela. Baratinho, baratinho.
Agora, se vc fosse convidado para assistir a um jogo do vasco, no meio da Força Jovem, provavelmente vc se negaria. Mas pra tudo há um preço. Dependendo, se a proposta valesse a pena, vc acabaria indo. Já fiz isso pra pegar uma gostosa por exemplo.
Me dei bem por 2 razões: 1 que o vasco perdeu, outra que a morena era um espetáculo, como eu previra.
Quer rir, tem que fazer rir. Tudo tem um preço. Veja que teve gente se vendendo até por reforma em sítio…tsc, tsc, tsc.
^Para tudo há um preço^.
Não é que o Adolfinho é um dos donos da frase.
Além do mais, completava – ^principalmente se se colocar uma bela mulher na parada^.
Mera coincidência, cabe a indagar.
Pra alguém que já se assumiu comunista, chamar os outros de nazista – sem qualquer evidência e ainda atribuindo erradamente autoria de frase – deve ser elogio, considerando que o regime do qual vc se diz fã assassinou 10 vezes mais gente.
Seu questionamento é tão fácil de responder, que até uma criança de 6 anos o faria.
Se o campeonato não interessa ao Flamengo nem técnica, nem financeiramente, quem quiser lucrar com a participação do Flamengo, que pague aquilo que o Flamengo cobrar. Mais simples e fácil de entender, impossível.
Mas lógica, coerência e bom senso nunca fizeram mesmo parte do cardápio de predicados de admiradores da foice e do martelo.
Resta chamar os outros de fascista. Mais raso impossível.
The Trooper,
se por um lado tudo tem o seu preço, por outro lado tudo tem o seu valor. E qual o valor deste Campeonato Carioca? Inegavelmente, vale muito pouco.
O Flamengo tem o direito de pedir quanto quiser, afinal ele é o dono da bola. A questão é saber qual o preço que a Globo pagará por ela.
Nesse jogo de poker, eu creio que o Flamengo pode estar cometendo um erro fatal, acreditando ter cartas fortes nas mãos.
Pelo que eu estou observando, a Globo também não está dando a mínima importância para o Carioca. Já deve ter feito os seus cálculos, e analisado o que é melhor para a emissora.
O Flamengo teria condições para colocar a Globo contra a parede, se alguma outra emissora de televisão ou alguma plataforma de streaming se interessasse pela transmissão dos seus jogos, como aconteceu com o Palmeiras e o Athletico-PR.
Mas, qual o quê, nem Record, Bandeirantes, Fox, ESPN, DAZN, UOL Esportes, Ei Plus, Canal Interativo, NINGUÉM, ninguém mesmo, demonstrou o mínimo interesse em fazer um alto investimento para transmitir as partidas do Flamengo nesse falido Campeonato Carioca.
Há de se destacar, ainda, que os patrocinadores do Flamengo irão ficar quase quatro meses sem a visibilidade dos seus produtos. Sem televisão, não há propaganda. Assim, deverão com toda a certeza, muito em breve, começar a demonstrar um certo descontentamento.
Enfim, só nos resta esperar para ver quem irá vencer esta queda de braço. E pode até ser que no fim todos irão perder: Globo, Flamengo, patrocinadores e nós torcedores do Flamengo.
SRN!
Aureo Rocha, sua análise está correta.
É uma queda de braço. Assim como o é qualquer negociação.
Pode dar certo ou pode dar errado. Como qualquer negociação.
O que não dá é pra continuar tudo como está.
Investir 300 milhões pra passar meia temporada jogando estadual contra Macaés da vida, recebendo uma mixaria da TV (baita negócio pra TV) é algo que não faz o menor sentido.
Pode ser que o Flamengo sinta a falta do dinheiro da Globo? Pode. Mas é muitíssimo difícil, já que esse dinheiro sequer estava previsto no orçamento 2020.
A Globo vai sentir falta do Flamengo por meia temporada? COM CERTEZA. Inclusive, uma onda de cancelamentos de Premiere varreu as TVs por assinatura nas últimas semanas. Uma pancada forte.
Sendo assim, o Flamengo pode estar fazendo uma aposta alta, mas sem dúvida tem as melhores cartas.
A minha aposta é que o estadual nós moldes atuais está com os dias contados, porque a Globo não vai aceitar pagar uma fortuna pra transmitir um campeonato de várzea e também não vai querer ficar 5 meses sem os recordes de audiência que o Flamengo lhe proporciona ano após ano.
Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.
Outro dia tive que ouvir numa mesa de boteco que o Flamengo estava sendo um filho ingrato, pois brigava com a mãe que o criou. Para quem tem o cérebro normal e escolheu torcer para o Flamengo, mesmo tendo outras “opções”, esclareço que era uma referência à Rede Globo. Piada pra lá de discutível, cuja graça talvez só possa ser compreendida por pessoas portadoras desse distúrbio que as leva a optar por torcer por outro time mesmo tendo o Flamengo entre as opções.
O sujeito que me disse isso se vangloriava por ter escolhido um insosso bife de fígado (com todo o respeito aos que gostam, eu, particularmente, detesto) ao invés da suculenta picanha que o resto da mesa dividia alegremente, e ainda tentava convencer aos que não aceitavam um naco de seu prato que aquela é a opção mais saudável, menos calórica, mais equilibrada. Aproveitei o bife de fígado para uma analogia educativa: expliquei que ver um torcedor com a camisa de outro time me causa o mesmo sentimento de vê-lo comendo bife de fígado numa mesa onde há picanha. Não entendo porque ele escolheu essa porcaria, não escolheria isso jamais e tenho dificuldades para compreender porque, entre tantas opções, o cara foi escolher logo o bife de fígado. Mas ele era uma prova viva de que os comedores de bife de fígado existem. E não se pode esquecer que o fígado do qual seu bife é extraído é um subproduto pra lá de desvalorizado do mesmo boi que dá a picanha, o chorizo e outras carnes muito mais apetitosas.
Expliquei com muito didatismo (necessário na comunicação verbal com os que escolheram torcer por outro time) que o que se passou, bovinamente falando, é que o Flamengo recusou mandar seu boi pro abate. Não precisa. Estamos bem alimentados, com fartura à mesa e, sinceramente, ainda empanzinados do banquete recém-terminado, ainda fazendo a digestão de toda a comida que andamos deglutindo no ano passado (burp…). E não sentiremos falta dessa “nutrição” do carioqueta. O que não garante que a recíproca seja verdadeira. É que sem o nosso boi no abatedouro, o bife de fígado dos beócios também fica comprometido. Talvez por isso a gritaria. Ou talvez seja simplesmente porque eles sabem que, quando o dono do frigorífico aceitar pagar o preço justo pelo nosso boi, ele vai continuar recebendo apenas o seu bife de fígado. Porque, seja como for, quando o boi for virar carne, o filé mignon não vai ser distribuído. Nós criamos esse boi, esse filé é nosso. Mas sempre sobra um bucho, um osso pra sopa, um bife de fígado pra quem não foi convidado pro banquete. Pra quem vive na miséria, esperando as sobras da mesa dos grandes, bife de fígado é luxo. E pra quem tá com fome, é refeição, sim.
Seguimos aqui, calmamente digerindo o lauto banquete do ano passado, esperando a hora certa para começar a comilança de 2020. O problema é que quando o Flamengo não come, não sobram migalhas para os outros famintos.
Saí do boteco com a impressão de que aquele bife de fígado foi meio indigesto para o sujeito…
Radio é bom, é legal….Carioqueta não…nem pelo radio!!!!!!
Perfeita exposição, Arthur.
O carioqueta, da forma como está, atrapalha toda a temporada, além de ser intragável.
Como muito bem colocou The Trooper, carioca com duração de 30 dias, estilo copa de 70, mas com 12 equipes, divididas em 4 grupos: oitavas classificatórias de 2 equipes/grupo, quartas, semis e final. Total de 5 datas, 4 semanas de competição.
De março a novembro livre para Brasileirão, CB, Liberta, SA, com 5 a 6, no máximo, jogos/mês/equipe, respeitando as datas/FIFA (fim da maluquice de 8, 9 jogos/mês pra compensar o desperdício dos 4 primeiros meses do ano). Dezembro férias, janeiro pré temporada, está pronto o calendário.
Excelente o Flamengo protagonizando essa imprescindível e urgente reviravolta no Futebol Brasileiro!
SRN!
PS1- Para os demais clubes não integrantes das Séries A, B, C ou D da CBF, as Federações Estaduais têm a obrigação de programar competições por toda a temporada.
PS2 – Tenho dúvidas se nosso clima permitiria igualar nosso calendário com o da Europa.
PS3 – Flamengo tem a obrigação de manter firmeza nessa negociação com a RGT. Somos, disparado, a maior audiência. Temos que ter, disparada, a maior cota de TV.
Concordo com tudo, Fernando.
Sobre seu “PS2”, cabe ressaltar que temos jogos aqui em 2/3 do verão, quando são jogados os estaduais.
Para amenizar os efeitos do calor, os jogos poderiam ser disputados preferencialmente à noite. O que não é feito, diga-se de passagem. Clássicos decisivos do estadual costumam ser disputados sob o sol senegalês de 16 horas, para não atrapalhar o Faustão.
Além disso, é um enorme desperdício não termos jogos no fim de ano, quando boa parte do público consumidor está em casa o dia inteiro, ávido por ver esportes na TV, e acaba por assistir Premier League, NBA e outras grandes ligas que, espertas, concentram jogos nesse período, mesmo na friaca do inverno europeu/americano.
Se os cartolas do futebol brasileiro tivessem um mínimo de senso comercial, em vez de matar a sua galinha dos ovos de ouro, todos ganhariam muito mais.
É triste ver que uma competição que um dia foi tão intensamente vivida ter se tornado um mero sparring pro Flamengo. Não sei se acabar com o carioca é a solução, só sei que o Flamengo não pode mais se prejudicar por causa desse campeonato de baixo nível em todos os sentidos.
Mixórdia define. A palavra exata. SRN!
Perfeito, Arthur.
O Flamengo, enfim, assumiu seu papel de protagonista e líder do futebol brasileiro, agora ainda mais fortalecido pelo desempenho em campo.
Só o Flamengo seria capaz de liderar essa mudança. Os estaduais matam lentamente o futebol brasileiro há décadas. Quebram os pequenos e atrapalham os grandes. Só mesmo os cartolas das Federações lucram.
E a Globo.
Sim, porque a Globo quer pagar baratinho, aproveitando que o produto é vagabundo, para ter um grande lucro, quando o Flamengo chega às fases decisivas e bate 50 pontos de share de audiência.
Molezinha.
Para transmitir Brasileiro e Libertadores, eles têm que desembolsar muito mais. Por isso, carioquinha pra eles é um bom negócio, mesmo que seja um campeonato de várzea, disputado em campos ridículos, . horários ainda piores. Quase metade da temporada jogada no lixo.
Pra quem investe 300 milhões em contratações, não faz o menor sentido expor a imagem do clube a esse ridículo – enquanto o mundo assiste Premier League e Champions – por meros 18 milhões.
Campeonato carioca, para os pequenos, devia durar o ano inteiro, com fortalecimento das rivalidades entre os pequenos, os times de bairro. Para os grandes, deveria durar o mesmo que a Florida Cup. Uma divertida pré-temporada.
Brasileirão tem que durar o ano todo.
Enfim, isso vai acontecer. Graças ao Flamengo.
Porque a Globo não vai aceitar ficar 5 meses sem Flamengo e nem pagar caro para transmitir pelada. Agora, vão ter que pensar numa outra via.
Mais uma vez, o Flamengo vai salvar o futebol brasileiro.
Quanto aos saudosistas, pergunto: vcs pagam ingresso para ver jogo em Moça Bonita às 16h no sol de fevereiro mesmo, ou é só discurso bonito para inglês ver, também conhecido como demagogia?
Pois eu, ao contrário da Maria Luisa, não apóio a decisão.
Motivo – tem um certo cheirinho de Política politiqueira, acima de tudo.
Anda na moda esculachar a Rede Globo.
De todo os lados, tanto pelos destros como pelos conhotos.
Em certos aspectos, também sempre esculachei.
Não, todavia, no terreno esportivo e, especificamente, esportivo/flamenguista.
Já escrevi, aqui e em vários grupos, que a grandeza rubro-negra antecede, de muito, o surgimento global, apenas em 1965, cercado de protecionismo.
Eis senão quando, que, sobretudo nas nossas décadas de ouro do século passado, a Globo nos foi importante.
Quem era a grande mão escondida da FAF, pergunto e respondo.
Walter Clark, chefão global, à época.
Arthur menciona 1977, época inicial da gestão do Márcio Braga.
Por trás do Márcio, ao que sei, havia o apoio do próprio Clark.
Não gosto de cuspir no prato em que comi.
Hoje, vivemos um momentos de vacas gordas.
Elas, no entanto, já estiveram bem magrinhas.
Adaptando o anúncia mais famoso em todos os tempos exibidos nos falecidos bondes cariocas, salvou-as, no lugar do Rum Creosatado, a ajuda econômica da Rede Globo.
Além do mais, como consta da opinião do Aureo, há muito que ser esclarecido.
Não vejo, honestamente, a pretensão de por fim no ex-Cariocão, atual Carioqueta.
Para mim, pelo menos, há outros interesses em jogo.
Apenas não sei dizer quais são.
Emputecidas SRN
FLAMENGO SEMPRE
PS – emputecidas por não poder ver, como gostaria, os jogos. Pelo rádio, meu amigo inseparável dos anos 40 e boa parte dos 50, simplesmente não dá mais. Porra, quem tinha Saldanha, não consegue ouvir Aranha.
Caro Carlos Moraes,
observe a incoerência dos comentários tanto postados aqui no RP&A, quanto nas redes sociais de um modo geral.
Afirmam os internautas com segurança matemática que o Campeonato Carioca como uma espécie de animal pré-histórico já deveria ter sido extinto, (mas que será em breve pelo dilúvio flamenguista) que não tem público, que não é atrativo, ou, como define o Arthur, que “o idoso Campeonato Carioca não desperta nenhum sentimento mais nobre do que a piedade… É uma competição anacrônica e desigual, que rouba tempo precioso de quem almeja alguma coisa melhor na vida…”, enfim, sintetizando, que o Campeonato Carioca não passa de uma boa merda.
Entretanto, a despeito de toda essa adjetivação desabonadora, querem que a Globo pague por esta droga de Campeonato Carioca uma fábula para transmitir os seus jogos. Jogos sem maiores atrativos como o “Clássico dos Milhões”, de quarta-feira, quando Flamengo e Vasco entrarão em campo com os aspirantes, como se dizia no passado.
Mas, afinal, esse Campeonato Carioca vale o que o Flamengo pede ou ele é uma merda que não vale nada?
Todavia, a indagação que me vem deixando sem dormir é a seguinte: o Flamengo estaria brigando com a Globo se o BAP ainda fosse o presidente da SKY? E, nessa hipótese, qual o interesse que o BAP defenderia, o do Flamengo ou o da SKY. Bem, eu só sei que quando perdeu a eleição para o Bandeira de Melo, o BAP retirou o patrocínio da SKY do basquete do Flamengo.
Fraternais Saudações Rubro-negras!
Uma música da torcida canta o seguinte…”onde estiver estarei”, portanto, seja pela tv… twitter… wattsapp…nas ondas do rádio… principalmente este último, que foi por onde comecei a ouvir jogos do Flamengo incentivado por minha velha avó paraibana e flamenguista de sete costados. Briga do Flamengo com a globolixo? Tô nem aí pois é briga de cachorro grande…
SRN
a realidade é que todo mundo está se cagando pro flamengo…
estamos em outro patamar e todo mundo está vendo isso.
o vasco com medo de apanhar da equipe sub-23 do mengão ,diz que vai colocar sua molecada em campo.
a globo já aumentou em 40% a oferta.
é isso ai rapaziada..
SRN !
PS- parabéns nivinha.
Desta vez, ouso discordar, em gênero, número e gráu, do meu irmão, Arthur Muhlenberg.
É inegável que o Campeonato Carioca já não tem mais o mesmo apelo que tinha no passado. Entretanto, enquanto for disputado, eu aposto que nenhum flamenguista deixará de acompanhar a atuação do time quer pelo computador, quer pelo telefone celular ou até mesmo pelo falecido radinho de pilha.
Ontem, por exemplo, eu “assisti” ao jogo pelo site “Coluna do Flamengo”. Eu me senti um verdadeiro cego “vendo” a partida na arquibancada. Senti a emoção do jogo ouvindo a gritaria da torcida. Só não via as jogadas.
Sem nenhuma alusão a qualquer vício, mas me cheira muito mal esse imbróglio relativo à transmissão pela TV Globo dos jogos do Flamengo. Alguém sabe o valor real que a Globo ofereceu e o que o Flamengo pediu? Há notícias controversas de que seria 18 milhões a oferta da Globo e 100 milhões o pedido do Flamengo. Para mim, tudo mentira.
A atual direção do clube alardeia o novo patrocínio com a empresa Total, pelo valor de 12 milhões, em contrato de dois anos, bem como com a marca Azeite Royal por 3 milhões por um ano, soltando fogos como numa comemoração de fim de ano, mas se recusa a negociar com a Globo, que, conforme dizem, ofereceu 18 milhões para transmitir um mequetrefe campeonato carioca, de duração de aproximadamente uns quatro meses, (mais de R$ 4 milhões por mês), cujo primeiro turno o Flamengo disputa com um time de garotos. Sinceramente, eu não compreendo.
Esses 18 milhões já seriam suficientes para bancar o salário de 2020 do Gabigol. Mas, creio que se fosse mesmo para valer, a Globo aceitaria pagar algo em torno de uns 25 milhões.
Afinal, quem ganha e quem perde com o não fechamento do acordo?
Eu só sei que a Globo deixa de pagar no mínimo 36 milhões de reais, ou seja, 18 para o Flamengo e 18 para a FERJ. Mas, quem perde mesmo somos nós torcedores, não viciados em televisão, porém apaixonados pelo Flamengo.
Eu fico com a pulga atrás de orelha em relação ao vice de relações externas do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o BAP, nesse conflito da transmissão do jogos do Flamengo pela Rede Globo, já que, por motivos desconhecidos, deixou a presidência da SKY, onde a exerceu por mais de 15 anos.
Entretanto, mesmo não concordando com a recusa do Flamengo em negociar um valor razoável com a Globo, eu me coloquei ao lado do meu clube e, dessa forma, cancelei o canal Premiere, atendendo também a uma “Corrente Rubro-Negra”, que circula nas redes sociais, como forma de pressionar a Globo.
SRN!
No primeiro jogo depois do falecimento da Marilene o Flamengo não poderia vencer mesmo. Descanse em paz Marilene.
OXALÁ!
Muito bom , como de costume, sua análise e seu texto. Parabéns.
Apóio a decisão do MENGÃO, também.