Falemos francamente, o jogo contra o Goiás foi horroroso. Muito mais horroroso que o resultado. Um empate jogando em ambiente hostil sob condições adversas com arbitragem controvertida (eufemismos de primeiro parágrafo) não deveria ser motivo para o emputecimento de nenhum rubro-negro. Mas acontece que foi.
Os mercuriais torcedores rubro-negros, que já não são exatamente os maiores especialistas em pensar antes de externar suas emoções, se acostumaram muito rapidamente à vida de luxo e prazeres dos sentidos proporcionada aos que tem um time foda pra chamar de seu. E não hesitaram em tirar suas empoeiradas cornetas do embornal para atacar em estridente uníssono o que consideraram um vergonhoso empate com um time pequeno demais.
Entendo perfeitamente quem ficou revolts com o empate de ontem. Já tive 11 anos de idade e também exigia que o Flamengo, reforçado por notórios pernas-de-pau, realizasse campanhas sem empates, gols contra ou cartões amarelos. Hoje sou mais moderado, me contento com título. Fiquei mais tolerante, fazer 114 pontos em 38 jogos é sempre recomendável, mas deixou de ser obrigatório.
Porque tenho consciência do fator perrengue. O perrengue está pro Flamengo como Jesus (o carpinteiro, não o treinador) está para Mateus, em 18:20, “Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles”. Flamengo e perrengue andam sempre juntos, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza. O Flamengo casou com o perrengue. Por isso estão sempre saindo na porrada.
Ainda bem que é assim. Se o Flamengo não tivesse o perrengue perturbando as nossas ideias dia e noite com o que a torcida ia se emocionar durante 38 intermináveis jogos? Ainda mais quando o Flamengo, sempre rebelde, assume a liderança muito antes do combinado originalmente (rodada 37)?
É inegável que desde que o Flamengo abriu vantagem turfística pros paulistas os jogos do Flamengo parecem mais do que seria recomendável com um mero cumprimento de tabela. A culpa nem é do Flamengo, é do formato do campeonato. Os jogos perdem em emoção, pra quem tá assistindo e também pra quem tá jogando. Pontos corridos é uma desgraça.
Apesar das palavras de Jesus (o amadorense, não o nazareno) os jogadores do Flamengo ficam cansados, sim. E tem menos de tesão pra jogar com times miúdos do que pra enfrentar os grandes, sim. Mas, porra, meus amigos, eles são humanos! Se nem nós, que somos obcecados, temos paciência pros incontáveis jogos de menor porte que nos acontecem quando estamos disparados na liderança, imagina os caras. E eles ainda tem uma Libertadores mandando nudes o dia inteiro, mas sem a localização. É muito difícil manter o foco.
Ao fim da rodada anômala, sem vitória do Flamengo, os números assustaram os torcedores mais cautelosos. Com a diminuição da diferença de 10 para 8 pontos entre o Flamengo e o 2º colocado as chances estatísticas do Flamengo conquistar o heptacampeonato ainda em 2019 caíram. A queda foi de 96% para. . . 93%!! A paulistada se aproximou, vejam! O Palmeiras tem 6% de chances! Todos aos botes! O Campeonato Brasileiro voltou a ter graça.
Flamenguista tira onda de alegre e folgazão, mas no íntimo todos gostam muito de sofrer. Esse time é que é foda e não deixa. Por isso o rubro-negro se agarra a qualquer pedrinha no caminho do Flamengo e lhe dispensa o tratamento devido à Rocha de Gibraltar. É um exagero tipicamente rubro-negro colocar em questão a inexorabilidade do nosso heptacampeonato. Mesmo com Rodinei e Piris da Motta em campo.
Realmente, depois que a pessoa se acostuma a ver seu time voando e enfileirando vítimas de qualquer estatura em sua marcha acelerada rumo ao Hepta é extremamente difícil engolir um empate com um time tão sem vergonha. Mas apesar de estar adorando ser rico de time ainda me lembro perfeitamente do tempo em que fui pobre.
Um tempo não muito distante em que empatar com essa tiriça de camisa verde era um resultado assaz aceitável. Incomparavelmente melhor do que perder pra eles. Um evento cuja simples menção hoje soa espantosa, sobrenatural, sacrílega. Concordo, mas que já aconteceu no passado mais de uma vez. Pesquisem e comprovem.
Quem tem o costume de pesquisar sabe que a história nada mais é que o relato organizado da eterna repetição de situações escrotas. Quem tem o mínimo de respeito à soberania dos números no tira-teimas das resenhas sabe que empates frustrantes com o Goiás fazem parte da tradição do Flamengo campeão brasileiro. Foi assim em 82, 83, 2009 (com mosaico e o escambau) e esse ano também.
Empate é sempre ruim, ponto. Mas se o analista considerar o aspecto da tradição, as mandingas e as superstições, o empate de quinta-feira foi escroto, mas foi também um bom sinal.
Todo mundo viu claramente o desgaste do time, a fragilidade do elenco e os problemas motivacionais que alguns dos nossos enfrentaram. No Flamengo não tem robô, são todos humanos, todo mundo sujeito a vacilos. No campo e na arquibancada. Mas os nossos problemas a gente resolve nas internas, não precisamos ficar explanando nossa roupa suja em blogs. Os alemão tão sempre de olho grande na nossa firma.
Time e torcida tem todos os motivos pra estar assim, com os nervos à flor da pele. O nome disso é ansiedade, que a psicanálise costuma definir como um excesso de futuro. Em oposição à depressão, um excesso de passado. Por maior que seja a modéstia que queremos aparentar, ou a humildade que tentemos fingir, nós sabemos que temos futuro demais. Precisamos aprender a relaxar. Ou não. Tanto faz. Faltam só nove.
Pra fechar, um epigrama do Marcial, um poeta romano do Século I, um santo remédio contra a ansiedade.
O Que Faz a Vida Feliz
O que faz a vida mais feliz,
Marcial, são coisas assim:
grana não suada, mas herdada,
terra produtiva, fogo sempre aceso,
longe de leis, livre de toga, mente quieta;
vigor natural, corpo com saúde;
franqueza prudente, amigos afins,
fácil convívio, mesa modesta,
noites sóbrias, sem preocupações,
cama pura sem ser pudica;
um sono bom que abrevie as trevas:
aceitar o que se é e não ter medo
do último dia, nem ficar à sua espera.
Mengão Sempre
O comportamento infantil, irresponsável do Gabriel Quase Gol seria fruto já, da certeza da compra pelo Fla ?
Se sim, se não ou talvez, melhor não comprar e virarmos freguês !
Mais vale um pássaro na mão (Ibrahinmovic) que dois voando !!..
Parabéns, Arthur… Mais uma vez brilhante! Ainda bem que você é Flamengo! SRN
Oscilar na qualidade de jogo é normal, acontece até com o Flamengo…. duro é ver os números “dos matemáticos” e lembrar das tantas vezes que disseram que tínhamos 1326% de chance de cair (esquecendo -se de que time grande não cai).
Vamos Flamengo, vamos manter a tranquilidade porque o físico parece que já dançou, mas com a ajuda “dos matematicos” (arght) nós vamos cumprir nosso papel escrito nas estrelas desde sempre.
Saudações
PS: Estou muito pilhado pra quem tem 8 pontos e 4 vitórias à frente….
Feliz com o time e por mais uma magnífica coluna para clarear as mentes rubrunegras.
Para tentar fazer JUSTIÇA ao Cesar, que vinha fazendo uma partida PERFEITA até sua
expulsão, se analisarmos o lance veremos que foi um lançamento longo, para 2 atletas
do Goias em cima do Filipe Luiz, que cairia no meio da grande área, o Cesar percebe e
se antecipa! Pela trajetória da bola nota-se claramente que o Cesar iria dominá-la, mas
o Filipe Luiz não percebe a sua saída e corta mau a pelota, deixando o Cesar sem pai nem
mãe, só restante ao goleiro o recurso da falta, que mesmo assim não impediu a conclusão
da jogada, que só não terminou em gol devido ao providencial corte do Marí.
SRN.
Claro, continuo ansioso, e, infelizmente, escravo da fatídica frase : “ainda não ganhamos (ganharam, no liguajar da arco-íris) coisa nenhuma. Agora sob a luz da razão, não vejo motivo de preocupação, o Flamengo está sendo julgado pelos padrões criados por ele mesmo, portanto, muito acima das hienas (estas sim veras hienas) que vociferam por aí. O Flamengo só empatou no último jogo por dois erros individuais grotescos dos nosso dois goleiros, primeiro aquela lambança do César que não satisfeito ou querendo dar um chute nele mesmo (Freud explica) deu um bico no adversário, e o reserva levou séculos para fechar o ângulo na jogada que culminou com o gol deles, quer dizer duas muralhices indesculpáveis e o pobre do Rodney que todos sabem que não joga porríssima nenhuma é o cão raivosa da vez, vamos todos a ele, esqueceram rápido que foi eleito um dos melhores da partida anterior pelos mesmos que o apedrejam. Ah, sim, para completar, ainda uma disputa que o Gabigol está se empenhando com ardor: o troféu Dêivid.
Caraca, cê tava inspirado nessa! Excelente, inclusive o poema. SRN!
Não dá para confiar em goleiro inconstante.
Certas verdades do futebol sao incontestáveis e a métrica do goleiro eh sempre diferente dos outros 10.
A palavra que define goleiro eh confiança e confiança se atinge sem oscilações.
Rubro negros tem a tendência ao puxa saquismo das pérolas da base, mas precisamos ser coerentes e espetos nessa hora.
Antes que a bobagem de um casa e nos tire um título devemos tirar ele!
Se a partida servir para montar a barca do ano que vem com Pires da mota Rodinei (o que faz em um time campeão?) E CESAR ( o maior come e dorme do mundo. Trocando anos sem jogar teve a oportunidade e meteu um atestado. Pra mim não joga mais esse ano. )
Vai pra pqp fazer o que fez ontem.
Pois é meu caro Arthur, torcedor é assim mesmo: sempre pronto para cornetar. O herói de ontem é o vilão de hoje. Somos todos passionais, nos flamenguistas.
Realmente, o time não jogou nada bem. Parece que faltou pernas. Mas, espera aí: alguém já se deu conta que esse time do Flamengo, desde a partida contra o Corinthians, agora domingo que vem, dia 03/11 até à partida contra o Grêmio no dia 17/11, terá que jogar 5 partidas em apenas 14 dias? Cinco partidas antes da final da Libertadores?
Mas, o Flamengo, mesmo não apresentando o futebol vistoso das anteriores partidas, dominou amplamente o jogo, levando alguns perigos à meta adversária, enquanto o César, até os 30 minutos do segundo tempo não havia feito uma sequer defesa difícil. Assistia ao jogo como se fosse um torcedor privilegiado.
Na verdade, deixamos de trazer os 3 pontos nos últimos 20 minutos da partida, principalmente quando com 10 em campo, atacamos em busca do terceiro gol, quando deveríamos ter adotado a regra do cai-cai e das duas linhas de defesa de quatro jogadores cada. Mas, quem aplaudiria tais iniciativas?
Mas, enfim, avaliando a angústia dos clubes em relação à situação de cada um na tabela, “lá (nos outros clubes) é um tsunami; aqui, (no Flamengo) se ela chegar, vai chegar uma marolinha que não dá nem para esquiar.”
Sempre Flamengo.
Feliz e confiante mas à beira de um ataque de nervos!
Só sei que mesmo estando 8 pontos na frente, estou à beira de um ataque de nervos. Nunca consigo relaxar torcendo pelo Flamengo, e mesmo assim ele é o maior amor, o mais duradouro. Aquele que amei desde criança e ensinei meus filhos a amar também! MENGOOOOO