O Flamengo conseguiu vencer mais um tabu e está nas quartas da Libertadores. Grande dia. O Maracanã, que desde a criminosa gentrificação cabralina tem sido o cadafalso das mais altas aspirações rubro-negras, finalmente viu a maior torcida do mundo ir pra casa amarradona. E não era só porque puderam presenciar in loco a um Queiroz se fodendo. Os jogadores até ajudaram, mas a torcida do Flamengo, sempre fodona, foi a grande responsável pelo sucesso da noitada.
Uma torcida que lotou as arquibancadas, esgotou os estoques dos bares do mundo e tingiu a maior parte do país de vermelho e preto. A torcida do Flamengo, que sabe ser laica sem abrir mão da religiosidade, ainda fez mais. Convocou todos os santos, invocou todas entidades, acendeu todas as velas, bateu todos os tambores. Ontem à noite, a cidadela espiritual de Aruanda estava deserta, às moscas. A pegada mística desse jogo foi das mais altas que já vi nos últimos 50 anos.
O jogo não foi dos mais belos, mas foi bonito demais ver a mulambada bem vestida descer as rampas do estádio cantando, evoluindo e avisando aos sem-drenagem gaúchos (39 anos na fila do Brasileiro) que o couro vai comer em breve. Uma cena que deveria ter sido incluída na edição dos melhores momentos da partida.
A vitória foi magrela, era jogo pra ter metido 4 ou 5 pelo o que time jogou no 1o tempo. O que valeu foi a classificação. Deu pra empolgar e irrigar a árvore dos desejos rubro-negros. Mas não percamos de vista o fato de o Flamengo ter precisado ir aos pênaltis para eliminar o 8o colocado no campeonato equatoriano. O que significa que não há a menor razão para oba-obas de qualquer espécie. Passamos de ano raspando.
Não obstante a seriedade, dedicação e luta de todos os jogadores que JJesus mandou a campo, o Flamengo sem Ribeiro e sem Arrascaeta, ou com eles à meia-bomba, é um time bem mais ou menos, sem nada de especial além do jovem Gabigol. Um atacante valoroso, que na hora da dura não abre o cadeado e não tem medo de chamar a responsabilidade. Contudo, por melhor que seja a sua fase, Gabigol não joga sozinho e precisa de alguém pensando no meio de campo.
Mas não deixa de ser uma cretinice focar nos defeitos do time, muitos deles circunstanciais, um dia após uma conquista tão significativa. Mesmo com a extraordinária atuação da Magnética, que infelizmente não entra em campo, foi um jogo duríssimo. Principalmente porque, à luz da lógica, ganhar do Emelec, sob quaisquer condições, em qualquer tempo, em qualquer lugar, é sempre uma obrigação.
Sim, ganhar dos equador era obrigação e obrigação é foda. Sempre que me dizem que devo fazer alguma coisa porque é minha obrigação eu perco um pouco de vontade de fazer a tal coisa. No Flamengo o termo obrigação exibe retrospecto infausto. Ganhar do Emelec no Maracanã era tão obrigação quanto ganhar do América do México, do Santo André, do Independiente. . . bem, vocês entenderam meu ponto. Tudo o que julgamos entender do conceito de obrigação, quando aplicado à indeterminabilidade intrínseca do futebol, não passa de ilusão.
E olha que uma das ilusões flamengas que mais aprecio é aquela que diz que todos os times da Liberta são o Madureira da América do Sul e só jogam duro contra o Flamengo. É 150% mentira, mas eu gosto. Não que o Emelec não seja o Madureira de poncho, porque é, sim. Mas em matéria de Liberta eles, que jogaram 28 libertadores, são os experientes, os clientes assíduos que conhecem o crupiê pelo nome. Nós, que não conhecemos ninguém no casino e ainda estamos jogando nossa 15ª Libertadores, somos sempre os bobos da mesa.
Razão pela qual não somos os favoritos nas casas de apostas britânicas pra vencer a Champions League Cucaracha. O dinheiro, até o dos viciados em jogos de azar, não admite desaforos. Pra mudar essa percepção mundial sobre nós só tem um jeito; parar de dar bobeira em casa, fazer valer o maior peso atômico da nossa camisa nos jogos fora e começar a ganhar Libertadores.
Ganhar Libertadores talvez seja um pouco mais difícil do que passar a receita de como faze-lo. Mas se o Flamengo começar a jogar todo dia com a mesma pegada com que jogou na quarta-feira já dá pra fazer aquela prestação marota na agência de viagens pra ir à Santiago em dezembro e comemorar o BI da Liberta ficando doidão de pisco.
Eu prefiro beber cerveja mesmo, mas espero encontra-los por lá.
Mengão Sempre
Partiu Média Naranja.
Ganhamos do Bota em 2012 lá, comemoraremos. Liberta por lá também.
Coisa estranha esse papo de bebida, eu estou aqui no ex-Brasil, agora laranjal/bananão e só bebo uísque, sou fiel a um velho Teacher comprado ali no supermercado, claro, agora em sacola de material reciclável, sei lá eu que diabo seja isso, agora, o meu “professor” sei que ele me é fiel há muitos anos, não tanto quanto ele é envelhecida, pois parece que ao contrário dos escoceses, o meu é envelhecido em doze minutos. Ah, sim, acompanhado de um Rivotril que ninguém é de ferro. Até nesse exato momento o fígado está ótimo, mas se eu morrer de cirrose, meu caro Sherlock Holmes, primeiro suspeito é o Flamengo.
Tem regra isso não. Cada um bebe o que quiser, onde quiser, quando estiver a fim. Caso contrário só poderíamos beber scotch na Escócia, bourbon no Tenessee, cerveja na Suméria. . . E aqui no Brasil só poderiamos beber cachaça e cauim. Meus amigos, viva a sociedade alternativa. SRN
Rapidinho: vamos tomar é vinho mesmo!
Saudações Rubro Nigérrimas
Realmente.
Os dois países discutem a primasia.
Como nunca tomei, até pq não Chile nem Peru, nada posso garantir.
Cara, só consigo aturar esses jogos de tensão extrema no Maraca.
No jogo contra o Patético, dividi com a massa a decepção e voltei bem mais conformado do que se tivesse visto em casa.
No jogo contra os melecas, fiquei vendo e dividindo a aflição com cada torcedor em volta, ao mesmo tempo em que imaginava com que cara de abobado eu estava, tentando me transportar para 20 minutos a frente, num implorado final feliz.
Depois, de volta à realidade, foi só extravasamento da tensão e absorção de cerveja :))
Saúde e sorte.
O Grão Mestre errou no mês, mas acertou na ^cachaça^, que é chilena.
1 x 1
Como filho de peruano, afirmo: o pisco é chileno tanto quanto a cachaça é argentina!
Realmente.
Os dois países discutem a primasia.
Como nunca tomei, até pq não Chile nem Peru, nada posso garantir.
Pisco puro é muito bom, pisco sour, melhor ainda! Recomendo! Em Santiago, vou de vinho mesmo!
Tá maluco! Pisco é a cachaça peruana desde antes da descoberta das Américas.
Depois do jogo de quarta, fui pegar um ar na janela e vi na paisagem umas montanhas brancas de neve.
Fiquei assustado, achei que fosse a cerveja que tomei durante a partida, mas não. Era Santiago! É logo ali mesmo!
Até para mim, que estava muito longe, foi uma carga incrível de emoção !
Concordo. Ganhou a torcida.
… somada aos vinte primeiros minutos eletrizantes.
Não consegui ver, por puro nervosismo, os quinze minutos finais.
Os penaltis, vi.
Com absoluta convicção que venceríamos.
Duas derrotas seguidas ninguém merece.
Quando fiquei sabendo que seria o Queiroz – pqp, o locutor não parava de elogiar o cara, até parecendo que ele seria mais valioso do que o Arrascaeta para a seleção do Uruguai, na qual nunca jogou – a bater o quarto, disse para minha mulher (que, aliás, nem gosta de futebol).
Ganhamos. Com esse nome de fugitivo não tem chance alguma.
Bem no estilo cafajeste, deu um porradão, sem a mínima categoria, bola no travessão e fim da agonia.
A hora de verdade está chegando.
Será mesmo bonito o Beira Rio (Int.)
SRN
FLAMENGO SEMPRE
A final da Libertadores é em novembro, no dia 23.
Muito bom Arthur…estamos aprendendo…e o fato dos chorões do Sul serem os favoritos é ótimo!!!!
Estar no Maraca, “atuando” na Magnética, é sempre prazeroso demais! Em jogos como o de quarta, é indescritível! Como é bom ser Flamengo! SRN! Prá cima deles Mengão!
Crônica como sempre Mulemberguiana, mas com um quê de ressabiado. Quem sabe essa classificação sofrida não seja um divisor de águas e a partir de agora passemos de fato a ser tigrões?
ontem na saida do maraca meu filho me pediu pra ir na final em santiago.
falei pra ele que é só questão de organizar.
SRN !
Jogo que serviu para reforçar a fé. A fé do time em si mesmo, a fé da torcida no time e a fé da torcida na sua capacidade de fazer a coisa acontecer. Não que a Nação tenha duvidado de si em algum momento, mas talvez ontem foi dia de perceber que “se vc quer algo bem feito, faça vc mesmo”.
Eu tô amarradão com o modo do Flamengo jogar. Corajoso e insinuante. Com poucos cruzamentos, temos um jogo intenso, mas não afobado. As chances são criadas com boas tramas. Há espaço pra melhora e tudo indica que vai melhorar.
Gabriel sempre se destacando. Jogador voltou em forma excepcional da parada da Copa América. Mas ontem também vi uma participação de destaque do BH. Conseguiu encaixar 3 arrancadas q não estavam acontecendo. Numa saiu o gol, noutra, um quase golaço que poderia decidir o jogo no tempo regulamentar.
Importante destacar a parte defensiva. Primeiro jogo sob comando de JJ q não tomamos gol. Mari e Thuller são promissores como dupla de zaga. Um é técnico e de ótimo posicionamento, o outro, zagueiro zagueiro. Evidentemente Rodrigo Caio é o titular.
Enfim, um jogo daqueles q vc agradece por ter ido ao Maracanã. Torcida foi gigante. Cantou de forma incansável. Acreditou até o fim, não esmolecendo quando o jogo foi para os pênaltis.
O Flamengo que parecia “estar a desandar” há uma semana, saiu mais forte dessa quarta-feira. Cicatrizou algumas de suas feridas e fortaleceu o laço com sua torcida.
Ingresso das quartas já comprado, ansioso pelo jogo do final de semana… liguei o modo fanático!
SRN
Ontem foi dia do check-up anual.
Não tem essa de que o Emelec é o 8avo do Campeonato da Casa do kct. Libertadores para o Flamengo é provação! Graças a Deus temos o espírito de Giorgian e Éverton pairando na nossa relva. Ave!