Copa do Brasil, oitavas de final, jogo de ida.
Embora espetaculares, as recentes semifinais da Champions League deram a devida enquadrada na importância das partidas de ida nos mata-matas. Elas servem para redefinição da estratégia de jogo, para estabelecer do que cada time vai precisar, para empolgar ou murchar torcedores de um e de outro. Mas nada garantem, nada decidem.
É evidente que, na final do Campeonato Brasileiro de 1992, não havia rubro-negro no mundo que achasse possível o Flamengo perder o título, depois de enfiar três azeitonas goela abaixo do Botafogo na primeira partida. E nem havia botafoguense que considerasse a mais remota chance de ganhar. Ambos tinham razão.
Longe de ter sido o principal motivo, acredito que o “nada garante, nada decide” tenha colaborado para que, num estádio capaz de receber 47 mil pessoas e que costuma encher, pouco mais de 30 mil tenham se encorajado. Claro: houve o preço do ingresso (entre R$ 110,00 e R$ 300,00); o incômodo frio paulistano que começa a botar as manguinhas de fora; a transmissão ao vivo pela tevê aberta; e até mesmo as declarações do presidente do clube, Andrés Sanchez, que na surrada tática de tentar transferir a responsa, apontou o Flamengo como favorito absoluto. (Por mais que a torcida manje o estilinho de Sánchez, instala-se a pulga atrás da orelha: se o presidente do clube acha que o Flamengo vai ganhar, que diabos corintianos vão fazer lá?)
O primeiro tempo foi chato. Uma cabeçada de Léo Duarte rente à trave, uma abusada jogada de Everton Ribeiro dentro da área, e só. Pelo Corinthians, neca de pitibiribas.
No segundo tempo a coisa animou. Existem poucas coisas tão intrigantes quanto certas decisões tomadas por treinadores de futebol. Ao deixar Pedrinho e Jadson no banco, Fábio Carille optou por uma escalação sem qualquer capacidade de organização ofensiva. Quando os dois entraram, o Corinthians começou a jogar. E aí a gente ouve elogios a Carille por ter promovido as mexidas certas, sem que se faça a ressalva de que mexeu certo porque escalou errado. Como ele é técnico do Corinthians – e vencedor, reconheça-se –, tenho nada com isso.
O Flamengo voltou mais contundente. Bruno Henrique, sumido no primeiro tempo, jogou demais no segundo e infernizou a zaga corintiana, aparecendo em lances de perigo por todos os setores do ataque. Diego Alves seguro, Rodrigo Caio e Cuéllar fazendo mais um partidaço, Willian Arão bem, Everton Ribeiro sem a inspiração habitual, mas movimentando-se bastante. Arrascaeta não estava mal, porém a entrada de Diego revigorou o sistema ofensivo do time, como se tivesse restaurado-lhe as forças. Só quem destoou foi Gabriel, que não acertou um passe, um chute, uma tabela.
Além dos lances descritos aí embaixo, houve dois momentos no primeiro tempo e um no segundo – não exatamente de bola rolando – que merecem registro.
Aos 20 minutos do primeiro tempo, comentando no canal SporTV, ao lado de Maurício Noriega e do narrador Milton Leite, Muricy Ramalho soltou o petardo: “O setor de meio-campo do Corinthians tem menas gente do que o Flamengo, por isso que o Flamengo tem mais posse de bola.” Quatro títulos do Campeonato Brasileiro no currículo, um da Libertadores, tem que respeitar. No entanto, “menas gente” doeu. E teria recebido cartão vermelho imediato do professor Gonçalves, grande mestre de Língua Portuguesa do Colégio Padre Antônio Vieira, ali na rua Humaitá, 52.
E aos 44 minutos, Abel Braga tentou dominar uma bola que veio alta em sua direção, na área técnica, e deu uma pavorosa matada de canela. Em seus tempos de zagueiro, Abel jamais foi íntimo da criança e sempre a tratou por Vossa Excelência.
O lado bom da história aconteceu entre os 4 e os 8 minutos do segundo tempo. O atacante corintiano Mateus Vital cabeceou para o meio da área. Subiram Léo Duarte, Cuéllar e Boselli, e uma das mãos de Cuéllar acertou em cheio o rosto de Léo Duarte. Tremendo tabefe. Depois do primeiro atendimento, Léo voltou a campo com um bizarro pedaço de gaze pendurado no canto da boca, não se sentiu bem e – decerto preocupado com a recomendação da Fifa, que sugere a substituição em situações semelhantes –, ao sair para ser atendido pela segunda vez, foi enfático com o banco do Flamengo: “Não vou sair. Eu não vou sair.”
Para quem não se conforma com as simulações, os ataques de siricotico e o excesso de frescuras dos mimados jogadores brasileiros, um alento.
Lances principais.
1º tempo:
Aos 13 minutos, Diego Alves saiu jogando com Renê, daí a Cuéllar, Willian Arão, Pará, Gabriel, Arrascaeta, outra vez Cuéllar, novamente Arrascaeta, Everton Ribeiro e de volta a Renê, que cruzou. Henrique pôs para escanteio. Arrascaeta cobrou curto para Everton Ribeiro, recebeu de volta e levantou na risca da pequena área. Léo Duarte ganhou no alto de Henrique e cabeceou rente à trave direita. Cássio só olhou e torceu.
Aos 29, Willian Arão recebeu de Cuéllar pelo meio e virou bem o jogo até Pará, junto à linha lateral. Pará cruzou, Bruno Henrique brigou no alto com Manoel e a bola sobrou para Everton Ribeiro, que cortou Danilo Avelar e Henrique duas vezes, pra direita e pra esquerda, e tentou colocar no contrapé de Cássio. A conclusão saiu fraca e no centro do gol, Cássio defendeu sem problema.
2º tempo:
Aos 19 minutos, boa jogada do Corinthians pela direita, Fagner recebeu de Jadson e cruzou. Na disputa com Vagner Love, Léo Duarte desviou de cabeça e a bola sobrou para Danilo Avelar na entrada da área. Ele pegou de primeira, meio sem jeito, uma bola surpreendente e perigosa, que Diego Alves espalmou para escanteio.
Aos 21, linda jogada do Flamengo, com a bola sempre de pé em pé. Cuéllar, Pará, Rodrigo Caio, novamente Cuéllar, Arrascaeta, outra vez Pará, de novo Arrascaeta, mais uma vez Pará, Everton Ribeiro, Pará pela quarta vez e dele o bom cruzamento rasteiro para o meio da área. Bruno Henrique chegou batendo e a bola passou muito perto do travessão.
Aos 22, Cuéllar errou um bote na direita do ataque corintiano, Jadson dominou e empurrou para Vagner Love, que abriu a Fagner, recebeu de volta e deu um toque por cima de Pará. Atento, Diego Alves saiu e tirou de soco. Sornoza recolheu a sobra e empurrou para Clayson, mas ele se precipitou e bateu sem perigo, longe do gol.
Aos 24, Clayson fez boa jogada pela esquerda e serviu Jadson na meia-lua. De costas para o gol, Jadson girou rápido, mas o chute saiu em cima de Diego Alves, que defendeu firme.
Aos 26, Bruno Henrique arrancou desde o meio-campo, empurrou para Diego – que acabara de entrar –, recebeu de volta um bolão por cima da zaga e, apertado por Manoel, concluiu para ótima defesa de Cássio.
Aos 33, Pará cortou um passe errado de Clayson e rolou para Rodrigo Caio sair jogando com Cuéllar, que adiantou a Diego e daí a Bruno Henrique, junto à linha lateral da área. Bruno Henrique levantou a cabeça, enxergou Willian Arão chegando em velocidade pelo meio e fez o passe perfeito. A testada saiu forte e indefensável, no alto do canto direito de Cássio. Belo gol, um a zero.
Aos 38, Diego Alves saiu jogando rápido com Pará e daí a Everton Ribeiro, que lançou Bruno Henrique por trás da zaga. Cássio saiu mal do gol e Bruno Henrique completou. O goleiro corintiano conseguiu se recuperar e, com o pé direito, mandou a escanteio.
Aos 40, Anderson Daronco viu falta num lance normal entre Willian Arão e Clayson. Jadson cobrou levantando para a área, Cuéllar tirou e, da meia-lua, Pedrinho emendou o rebote com uma paulada certeira. Renê salvou de cabeça, para escanteio.
Ficha do jogo.
Corinthians 0 x 1 Flamengo.
Arena Corinthians, 15 de maio.
Corinthians: Cássio; Fagner, Manoel, Henrique e Danilo Avelar; Ralf, Sornoza (Júnior Urso) e Mateus Vital (Pedrinho); Vagner Love, Boselli (Jadson) e Clayson. Técnico: Fábio Carille.
Flamengo: Diego Alves; Pará, Léo Duarte, Rodrigo Caio e Renê; Cuéllar, Willian Arão e Arrascaeta (Diego); Everton Ribeiro (Lincoln), Gabriel (Vitinho) e Bruno Henrique. Técnico: Abel Braga.
Gol: Willian Arão aos 33’ do 2º tempo.
Cartões amarelos: Henrique, Clayson; Everton Ribeiro.
Juiz: Anderson Daronco. Bandeirinhas: Guilherme Dias Camilo e Rafael da Silva Alves.
Renda: R$ 2.010.205,00. Público: 30.693.
Não posso deixar de registrar.
Guardiola está vencendo o quarto e último título do futebol inglês em uma só temporada – Supercopa (meia boca, um jogo só), Copa da Liga Inglesa, Premier League e FA Cup – pois o Manchester City, aos 30 do segundo tempo, vai vencendo o fraco Watford por 3 x 0, gols de David Silva, Sterling e De Bruyne, que, voltando de conusão, só entrou aos 10 da etapa final.
Faço esse registro em função de um comentário da BBC.
^Wembley está presenciando a prática do melhor futebol desde os tempos de Stanley Mathews como ponta direita^.
Não tenho condições de concordar ou discordar, pois a cobertura internacional não é tão antiga assim.
Fica, de qualquer forma, o registro.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Guardiola merece todas as homenagens.
Mas o melhor técnico do mundo é o Klopp.
E não é de hoje
Já escrevi, inclusive aqui, que considero Guardiola e Klopp como os melhores técnicos do mundo.
Entre um e outro, no entanto, não tenho preferência.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Uma bobagem.
Ontem, dei uma passada no meu antigo local de trabalho e, para variar, conversei com dois ex-servidores, um rubro-negro e outro da oposição, palmeirense.
Obviamente, este último ainda estava em orgasmos, bradando aos sete céus que seu time caminhava para o bi, sendo que tinha a melhor defesa e o melhor ataque do Brasileirão.
Quando retornei, resolvi conferir, para ver se havia razão na afirmativa.
Perfeita, com 8 gols a favor e 1 contra.
Até aí, nada de mais, para merecer este comentário, quase caseiro.
Eis que, por conta própria, resolvi fazer uma checagem nos gols a favor e contra.
Abri a Tabela do GE e constatei –
a) melhor ataque – Palmeiras, com 8 gols.
b) pior ataque – CSA, com 1 gol
c) melhor defesa – Palmeiras, com 1 gol contra
d) pior defesa – Vasco, com 10 gols contra.
Não, o objetivo não é gozar os pobres viceínos.
É outro, muito mais curioso, que só esse danado do FUTEBOL pode trazer aos seus admiradores.
Enfim, já são 4 rodadas, o que é pouco, mas não desfaz a curiosidade.
A MELHOR DEFESA, em 360 minutos, só sofreu UM mísero gol, exatamente o ÚNICO marcado, nos mesmos 360 minutos, pelo
PIOR ATAQUE.
E viva o FUTEBOL, minha gente ! ! ! ! !
Despreocupadas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Murtinho, como soi acontecer, mais um brilhante texto. Diria que além da atitude firme do Léo Duarte, vimos também o Arão comemorando seu gol de forma vibrante, muito vibrante. Esses, para mim, foram os momentos, fora o gol, é claro, marcantes do jogão. Essas atitudes, típicas do Flamengo, a que nos acostumamos a ver, a sentir, que nos empolgam, que moldaram a nossa paixão, que construíram a mística rubro-negra, estavam em falta! É um alento, uma alegria, vermos e sentirmos que aqueles que hoje estão envergando o manto parecem estar, finalmente, vislumbrando o que é ser Flamengo! SRN!
Valeu, Fernando. Obrigado pela moral.
Outra coisa: Willian Arão foi da base do Corinthians. Apesar de sequer ter entrado em campo, fez parte da lista de jogadores inscritos na Libertadores e no Mundial Interclubes de 2012, ambos conquistados pelo clube. No entanto, não teve essa frescura de não comemorar gol e vibrou como nunca. Bacana.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Perfeitas tuas colocações, Jorge. Não vejo nenhum mistério – e espero que o Abel também entenda assim – no Diego estar no banco e entrando nos 20 minutos finais. É aí que ele rende. Entra com o tempo e o gás necessários pra dar o que tem de melhor. Mas Abel tem que se tocar que a posição que o Arrascaeta rende mais é na esquerda podendo cortar pra meia-esquerda e não ficar no meio batendo cabeça com o ER.
O que não dá pra entender e aceitar é a insistência com o Renê, em péssimo momento, quando o Trauco deu show de bola nas suas duas últimas participações como titular. Como já disse, isso é um baita desestímulo ao jogador. Onde está a meritocracia?
A defesa está cada vez mais ajustada com sucessivos shows de bola do RCaio e a subida de produção do Léo Duarte, que andou vacilando mas está voltando ao seu normal. Só precisa parar de ficar trocando passe na horizontal em vez de sair direto na vertical. Foi esse detalhe que o Guardiola apontou nos times brasileiros que não devem ser imitados.
srn p&a
Renê em péssimo momento? Renê fez um único jogo ruim esse ano, contra o Peñarol lá, mas fez ótimos jogos no carioca e bons jogos na Liberta. No jogo contra o Curica marcou incansavelmente o Fagner e o Pedrinho, inclusive bloqueando de cabeça um chute desse último num rebote que provavelmente iria pra dentro do nosso gol.
Trauco é um bom jogador, de boa técnica e passe, mas daí a dizer que o Renê tá em péssimo momento é demais.
Quem está em mal momento é o Pará e, principalmente, o Gabigol.
PS: só lembrando que o Renê foi eleito o melhor LE do brasileiro no ano passado. Acha mesmo que o cara não sabe jogar bola?
Barrar o Renê hj me parece uma injustiça sem tamanho, por mais méritos que o Trauco tenha como jogador. Na minha opinião são jogadores com características muito distintas cuja escalação (de um ou de outro) depende de inúmeros fatores.
SRN.
Marco,
Eu desconfio que as maiores reclamações contra Pará, Renê e Willian Arão não se referem a uma suposta, digamos, ruindade. Nenhum deles é mau jogador. O que acontece é que, devido ao fato de hoje o Flamengo ter capacidade de investimento, os torcedores acreditam que poderíamos contar com gente melhor ali. Só que aí fazem críticas simplificadas – inclusive eu.
Em relação à discussão Renê ou Trauco, acho que a gente precisa perder um pouco o costume de rotular os jogadores como titulares e reservas. Sei que isso parece demagogia de treinador (Renato Gaúcho vive falando que ele tem um grupo, onze entram e os outros estão ali prontos para ajudar), mas é importante.
A gente usa muito, aqui nessa caixa de comentários, o futebol europeu como referência. Pegue o Manchester City e escale o time titular. É difícil. Qual é o miolo de zaga titular, Kompany e Laporte? Stones e Otamendy? Otamendy e Kompany? E o meio-campo? Tem Fernandinho, Gundogan, De Bruyne, Fodden, David Silva. Quem é o titular, Sané ou Sterling? Desnecessário dizer que aqui no Brasil não temos nada semelhante. Mas, obviamente em outro patamar, Flamengo e Palmeiras montaram elencos bem equilibrados. E, demagogia à parte, acho que Renato Gaúcho tem razão.
Discordo de uma colocação do seu comentário: talvez por ser um jogador de mais transpiração do que inspiração, Renê foi o cara que mais sentiu a altitude nos jogos em Oruro e em Quito. Não deve ser fácil correr atrás de ponta a 2.500 ou 3.800 metros, mas ele foi mal nos dois. Isso devia servir de alerta para a partida das oitavas contra o Emelec. Concordo que a escalação dele ou de Trauco deve ser decidida levando-se em conta inúmeros fatores.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Vossa Excelência permite que eu tenha minha opinião? Como eu disse, Renê é um bom marcador, mas erra todos os passes que ultrapassem a marca de 3 metros. Ter sido eleito o melhor lateral-esquerdo ano passado só demonstra o baixo nível do futebol brasileiro.
Obrigado, Rasiko.
Acho importante isso aí que você falou sobre o Léo Duarte, porque é fundamental ficar atento.
Da mesma forma que não há quem consiga jogar de maneira perfeita os noventa minutos, não há quem consiga jogar bem um campeonato inteiro.
Cuéllar foi um monstro na partida com o Corinthians, mas deu um bote errado na origem da jogada que descrevi aos 22 minutos do segundo tempo. Também foi ele que, aos 40, tirou a bola na direção da entrada da área, antes do chute de Pedrinho que Renê pôs de cabeça para escanteio. Futebol é assim, já dizia Gilberto Gil ao prezado amigo Afonsinho: a perfeição é uma meta, defendida pelo goleiro que joga na seleção. Não é fácil.
Da mesma forma que Léo Duarte andou vacilando, isso vai acontecer com todos. Daí que é legal a gente dar uma flexibilizada no conceito de titulares e reservas, e entender que é preciso contar com todo mundo. Só que, para isso, concordo plenamente com você: todo mundo tem de estar motivado.
Abração. SRN. Paz & Amor.
perfeito seu comentário !
acho que o trauco jogou muito na ultima partida e o renê muito mal nas três ultimas partidas.
SRN !!
Então, Chacal: peço permissão para entrar nessa conversa entre você e o Rasiko.
Acho que Renê jogou mal nas duas partidas disputadas na altitude (San José e LDU) e muito mal contra o Inter, quando ninguém se salvou. O Peñarol força muito o jogo pela esquerda, por onde atuam seus dois únicos bons jogadores, e aí a barra pesou foi pra cima do Pará. Não lembro de Renê mal nos jogos contra eles.
Contra o Cruzeiro, pelo Campeonato Brasileiro, foi bem. E contra o Corinthians, pela Copa do Brasil, também.
Trauco jogou bem tanto contra o São Paulo (surpreendentemente disciplinado no aspecto defensivo) como contra a Chapecoense.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Cabe, de início, elogiar o primoroso resumo dos ^lances principais^, tal qual a análise das atuações de nossos jogadores.
Já escrevi alhures.
A qualidade de uma partida de futebol pode ser medida, na maioria das vezes, pelo trabalho dos goleiros.
Se estes passam a se tornar meros espectadores, normalmente a partida é fraca ou até mesmo muito fraca.
Pelos já mencionados lances principais, tá para concluir – Diego Alves e Cássio tiveram pouquíssimo trabalho. Uma defesa para cada um, não considerando aquela última intervenção do corintiano, decorrente, como colocado, de falha clamorosa do mesmo ao sair muito mal de sua meta.
Em assim sendo, como houve alguns lampejos, livro a pelada de ter sido muito fraca, classificando-a apenas como fraca.
Já li – e também gostei muito – alguns comentários.
Nada a respeito do Prof. GONÇA (olha aí, Aureo, mais uma lembrança dos velhos tempos), pois fui aluno, durante todos os DOZE anos, do inesquecível Mello e Souza. O nosso Gonça atendia pelo simpático nome de Dadário.
Parênteses – onde andarão muitos dos meus colegas, inclusive a minha paixão platônica da adolescência, uma fanática torcedora do Botafogo e, em especial, do Nilton Santos.
Voltando ao tema FLAMENGO.
Como quase todo mundo, não morro de paixão pelo Willian Arão, mas reconheço que o João Neto está certo.
Piris (sem da Motta, pois nunca foi assim chamado na sua própria seleção) é um bom reserva para o Cuellar, enquanto Ronaldo ainda uma tênue esperança. Nenhum dos dois teria condições de fazer aquele gol. Tragam o Wijnaldum e troco de opinião.
(qualquer semelhança do segundo gol marcado contra o Barça e o nosso NÃO é mera coincidência).
Se Abel demorou – e muito – para tirar o inútil Gabriel, fez entrar no tempo certo o Diego.
Por mais que seja um admirador do De Arrascaeta, tenho que admitir que foi a entrada do Diego que nos trouxe a vitória. Deu a verticalidade que faltava, já de todo patente no lance em que o Bruno Henrique (concordo, ótima etapa final) obrigou o Cássio a fazer a sua única defesa difícil (brilhante, cabe reconhecer).
No mais, aguardemos o jogo de volta.
Somos favoritos, como já éramos antes do jogo comentado.
Se não somos Barcelona ou Ajax, MUITÍSSIMO MENOS os gambás se assemelham a Liverpool ou Tottenham.
Tranquilas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Esqueci de elogiar.
Se o comentário do João Neto foi excelente, não menos a ^resposta^ do Murtinho.
Parabéns aos dois. A idéia do ^revesamento^ Arrascaeta/Diego parece-me supimpa.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Obrigado, meu amigo Carlos.
Em relação à história Arrascaeta/Diego, tenho uma tese: se tivesse sido ao contrário, teria acontecido a mesma coisa. Ou seja, se Diego começasse a partida e Arrascaeta entrasse lá pelos 25 do segundo tempo, o uruguaio teria mudado o ritmo e nos levado à vitória. Muito a ver com intensidade, correria, capacidade de marcação, cansaço, espaço etc. Nessas horas fica mais fácil jogar.
Como escrevi na resposta ao João Neto, é por isso que devemos começar sempre com Arrascaeta e não descartar a entrada do Diego, pegando o adversário com menos condição física e mais desatento.
O final do seu comentário é perfeito.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Arrascaeta/Diego – concordo integralmente, sobretudo na ordem de entrada.
No ótimo artigo de hoje do Arthur, há uma frase que me chamou a atenção –
^TALVEZ EU ESTEJA ME ACOSTUMANDO Á INEDORÁVEL ESCASSEZ CRIATIVA ADVINDA DO FUTEBOL DE RESULTADOS^
Já me manifestei lá, mas penso que seria um tema extremamente oportuno para ser debatido.
Sem querer ser inoportuno, gostaria da sua opinião, que respeito e admiro.
SRN
FLAMENGO SEMPRE
Meu amigo Carlos.
O Arthur tem razão e isso bate com o que escrevi no post sobre nossa derrota para o Internacional (aquele em que cito o Bráulio e reclamo de Abel ter substituído, quase ao mesmo tempo, Arrascaeta e Everton Ribeiro): quantos caras existem hoje no futebol brasileiro que pensam o jogo e organizam o time?
Na Copa do Mundo de 2018, fizemos um pequeno grupo no WhatsApp, eu, meu irmão que mora em Governador Valadares, meu filho que mora no Rio e minha filha que mora em Portugal. Foi divertido. Lembro que, numa das conversas, eu disse que seria campeã do mundo a seleção que tivesse um grande organizador no meio-campo. Isso qualificava, apenas, a França de Pogba, a Alemanha de Toni Kroos, a Croácia de Modric, a Bélgica de De Bruyne e a Espanha de Iniesta ou Thiago Alcântara ou David Silva. Brasil, fora. (Philippe Coutinho é muito mais um meia-atacante do que um organizador; Renato Augusto pode ser considerado um organizador, mas estava na reserva e, além disso, é bom mas não é grande.) Me estrepei em relação à Espanha e à Alemanha, mas emplaquei as três primeiras colocadas.
É impressionante como a presença de um cara desses é capaz de mudar um time, um jogo e um campeonato. Só que, aqui no Brasil, fomos acabando aos poucos com esse tipo de jogador. Tenho a impressão de que o problema está na base, ou melhor, na falta de estrutura. Aquela coisa que a Alemanha fez depois de – se não me engano – 2006 e que parece que a Bélgica vem fazendo. Transformar o ato de jogar bem (ganhar ou perder faz parte do esporte) numa coisa quase que cultural.
Resumindo, talvez seja possível dizer que, ao menos aqui no Brasil, o famigerado “futebol de resultados” matou o pensador. Só que, ironicamente, se pegarmos os seis últimos campeões brasileiros, todos tinham um pensador em campo. Por isso, num comentário não me lembro em qual post, cravei que o Atlético Mineiro não é candidato ao título. Como é que pode ser candidato um time que tem Luan como meia-armador, o Menino Maluquinho? Ele pode até comer a bola amanhã e comandar uma chinelada no Flamengo, futebol é futebol, mas não dá, né?
Abração. SRN. Paz & Amor.
Murta. Vc me fez lembrar do Gonça do padreco. Abs
Meu querido irmãozinho Valois, prazer enorme ver você aqui.
Gonça era fera. E, certamente, foi um dos principais responsáveis por nós dois termos seguido nossa profissão.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Caro Murtinho
Excelente análise e para sintetizar o óbvio: ainda não conseguimos porra nenhuma! Sem oba-oba porque não mostramos futebol pra isso!
Diego mostrou, mais uma vez, o quanto pode ser útil este ano seja no time A ou B. Considero-o imprescindível.
Quanto ao contestado Arão, objeto de sua análise e do comentário do João Neto, melhor ficar com esse cara no nosso elenco, pois ele pode jogar no time A ou B e ser muito útil. Se Cuca ou Renato Gaúcho contassem com ele no elenco de São Paulo e Grêmio ficariam muito felizes…
SRN
Fala, Ricardo.
Pois é. Sem querer comparar nada com nada, que o digam o Barcelona e o Ajax.
Também acho que, embora não sendo escalado de cara (por favor, dê uma lida na minha resposta ao comentário do João Neto), Diego pode ser bastante útil.
Quanto ao Arão, se ele conseguir dar a volta por cima, em termos de prestígio junto à torcida, será uma extraordinária vitória pessoal. É muito difícil, porque uma das coisas que torcedor de futebol (entre os quais me incluo) menos gosta de fazer é dar o braço a torcer, mas, quem sabe?
Abração. SRN. Paz & Amor
Demonstração de rondinellismo louvável do Léo Duarte, bem destacada no post, Murtinho. SRN!
Obrigado, Marcos.
Não cheguei a ler ou ouvir comentário algum sobre a atitude do Léo Duarte, tanto que não consegui encontrar uma foto para ilustrar o post. (A foto que está aí eu tirei em casa, da minha tevê, e por isso ficou uma bosta.) O que vale é o reconhecimento.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Murtinho, a cada jogo os protagonistas se alteram e, logicamente, a visão pontual após evento. Então, de momento, posso citar os únicos titulares absolutos do elenco rubro-negro. São eles: Rodrigo Caio, Cuellar e William Arão.
Conforme havia comentado na postagem anterior, nenhum reserva de meio-campo reúne capacidade para titularidade. São extremamente defensivos com pouquissima ofensividade. Garanto que nenhum deles faria o gol. Mal teriam passado da divisória de campo. Por possuir efetiva verticalidade e um ótimo cabeceio, Arão, de momento, é titular absoluto.
O treinador parou com as invencionices e simplificou a posição de ataque. Foi feliz nas mudanças. Mas, para não perder o feitio, acredito que deveria iniciar com outro atacante ou indicasse uma nova contratação. Nos jogos mais pegados, o titular demonstra total falta de harmonia com a redonda. No linguajar da bola: um grosso. Destoa dos demais. Além de querer imitar Neymar em simulação de faltas. Para um atacante de área é imperdoável, pois, deixa de dar sequência nas jogadas de disputadas de corpo por viver estirado no gramado. Suas atitudes chegam a ser bizarras.
Quem diria…até Diego jogou bem. O que uma concorrência é capaz de motivar…
No mais, novo ânimo.
Um abraço.
SRN
não entendi a parte do atacante que imita o neymar….tá falando do gabigol ?
SRN !
Boa, Chacal!
Ironia é sempre bem-vinda.
Não acho Gabriel grosso, como disse o João, mas me recuso a chamá-lo de Gabigol, acho que isso só atrapalhou a carreira do cara. E a única coisa em que ele se iguala ao Neymar é nas lancinantes dores que sente em todas as jogadas que disputa com os adversários.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Fala, João.
O fato de os protagonistas se alternarem me parece bom, para não nos deixar dependentes de ninguém. Só que, conforme você comentou, tem gente que está protagonizando sempre. Além dos citados Rodrigo Caio e Cuéllar, tenho gostado bastante do Léo Duarte, e acho que Everton Ribeiro também é titular absoluto. Bruno Henrique ainda precisa de um pouco mais de constância (embora ninguém consiga jogar muito bem durante os 90 minutos) e, por ser o Vitinho seu reserva imediato, não pode dar mole.
A vitória sobre o Corinthians pode ter nos deixado com uma impressão equivocada, mas começo a achar que um revezamento, dentro dos jogos, entre Arrascaeta e Diego talvez seja extremamente produtivo. (Com Arrascaeta sempre começando as partidas.)
Os mais antigos hão de se lembrar: a seleção italiana de 1970 fazia isso. Eles tinham dois cracaços que jogavam exatamente na mesma posição (o futebol era bem mais estático), os meias Sandro Mazzola e Rivera. Então, normalmente, o treinador usava um em cada tempo. Mexia nas características do time, obrigava o adversário a mudar o jeito de marcar, era bem interessante.
No nosso caso, o titular tem de ser Arrascaeta, que jogaria, sei lá, 65 ou 70 minutos. Aí Diego entraria. Contra o Corinthians, deu certo pra caramba. Para entrar de cara, com todo mundo descansado, marcando em cima, etc., Diego não tem mais a velocidade de execução necessária para fazer o que pensa, e aí começa a girar, tocar para o lado e segurar o jogo. Entrando aos 20 ou 25 do segundo tempo, pega o povo mais cansado, o campo com mais espaços livres, e rende.
Eu acho que esse papo de Uribe ir para o Santos esconde uma aposta de Abel em Lincoln. Além de sempre contar, claro, com a possibilidade de escalar Vitinho na esquerda e trazer Bruno Henrique para o meio. Ou Gabriel muda radicalmente o comportamento em campo e o desempenho, ou dança.
Abração. SRN. Paz & Amor.
Onde assino, Murtinho?
Obrigado, Marco.
Precisa assinar não. É só continuar prestigiando, lendo, comentando e, se possível, indicando o blog para pessoas que você acha que podem gostar.
Abração. SRN. Paz & Amor.