Minha mãe nunca se interessou por futebol. Entretanto, enquanto se desdobrava para impor o mínimo de disciplina àquela dúzia de familiares e deixar a casa em ordem, ela pescava uma ou outra discussão futebolística e vez em quando se arriscava em alguns poucos palpites. Minha mãe desconfiava da vantagem ou desvantagem de jogar em casa ou na casa do adversário, e indagava: se a bola é igual, se o campo é do mesmo tamanho, se é lá dentro que as coisas se decidem, que diferença faz o jogo ser no Rio ou na Cochinchina?
Sabendo que qualquer tentativa seria vã, meu pai e meus irmãos sorriam amarelo e saíam de fininho. Mais paciente, eu tentava explicar que o apoio da torcida servia como combustível extra para a autoconfiança dos anfitriões e intimidava os visitantes, que juiz e bandeirinhas costumavam sucumbir às pressões, etc. Minha mãe não se dava por vencida e, teimosa, mantinha sua contrariedade.
Juro que às vezes eu também não entendo, mas o futebol quase nunca é racionalmente explicável e facilmente compreensível. Fechando seu ciclo de jogos em casa na fase de grupos, o Flamengo conseguiu sua terceira convincente vitória. E o curioso é que, na condição de visitante, o time também jogou bem melhor que seus dois adversários, só que perdeu as duas partidas. As discutíveis explicações que eu tentava dar à minha mãe continuam valendo, mas por que a bola entra aqui e não entra lá é algo que permanece sob certo mistério.
Para quarenta milhões de pessoas que se habituaram, pelo menos nessa década, a ver o Flamengo tenso e desorientado em momentos embaçados dos jogos, foi bacana observar como o time reagiu após o empate da Universidad Católica. Tomou o gol na segunda jogada perigosa do adversário – que eu me lembre, foram apenas duas durante toda a partida – e partiu atrás da vitória com serenidade, como se ela fosse consequência natural do eficiente futebol jogado por um time muitíssimo bem arrumado dentro de campo.
Ainda temos problemas – que não serão resolvidos se insistirmos em tapar o sol com a peneira – e quem acompanha o blog sabe o que penso a respeito de certos jogadores e de algumas escolhas técnicas. Porém, não faz meu estilo acreditar que estou sempre certo, e prefiro mil vezes errar com o Flamengo ganhando do que acertar com o Flamengo perdendo. Rafael Vaz voltou do banco jogando sério e parece ter se convencido de que jamais será Frank de Boer. Considero-o um zagueiro lento, da mesma forma que um dos pontos fortes de Réver não é a velocidade. Mas, e daí? O Atlético Mineiro levantou a Libertadores de 2013 com um miolo de zaga lento – Leonardo Silva e Réver. Aliás, o Atlético Mineiro levantou a Libertadores perdendo, na semifinal e na final, os dois jogos de ida por dois a zero.
Contra a Universidad Católica, o Flamengo esbanjou organização. Não acho que levamos o gol por culpa de fulano ou sicrano: às vezes esquecemos que do outro lado estão adversários que, mesmo não sendo o Real Madrid ou o Bayern de Munique, têm lá os seus méritos e querem vencer tanto quanto nós. Além do espírito coletivo e do equilíbrio demonstrados dentro de campo – sobretudo, repito, após o gol de empate, situação que costumava nos transformar na conhecida farândola do Capitão Nascimento –, Guerrero fez uma partida como há muito eu não via um atacante rubro-negro fazer, Willian Arão, Pará e Rodinei foram muito bem, e houve o capítulo especial chamado Márcio Araújo.
Em 29 de novembro de 2016 publiquei um post crítico dizendo que aquela era a última vez em que eu falava do Márcio Araújo. Mas ele está merecendo. O conceito permanece: por mais que desarme, cubra e corrija falhas alheias, tenho imensa dificuldade em aceitar meio-campista que não participa das ações ofensivas – eu e os maiores times do futebol atual, que já abdicaram desse tipo de jogador. Porém, é justo reconhecer que Márcio Araújo tem jogado bem desde a partida contra o Santos, na penúltima rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado, inclusive se mostrando – pouco, é verdade – mais confiante nas ainda raras infiltrações.
Não será fácil encarar o ressuscitado San Lorenzo – ter o Papa como torcedor não deixa de trazer suas vantagens – no estádio El Nuevo Gasómetro. Mas, apesar de ainda precisarmos evoluir em tantos aspectos, jogos como o de ontem nos deixam confiantes de que o Flamengo vai chegar. E acho que está na hora de provar que minha mãe talvez tivesse razão.
[…] REPÚBLICA PAZ E AMOR: Por Jorge Murtinho Minha mãe nunca se interessou por futebol. Entretanto, enquanto se desdobrava para impor o mínimo de disciplina àquela dúzia de familiares e deixar a casa em ordem, ela pescava uma ou outra discussão futebolística e vez em quando se arriscava em alguns poucos palpites. Minha mãe desconfiava da vantagem ou desvantagem de jogar em casa ou na casa do adversário, e indagava: se a bola é igual, se o campo é do mesmo tamanho, se é lá dentro que as coisas se decidem, que diferença faz o jogo ser no Rio ou na Cochinchina? Sabendo que qualquer tentativa seria vã, meu pai e meus irmãos sorriam amarelo e saíam de fininho. Mais paciente, eu tentava explicar que o apoio da torcida servia como combustível extra para a autoconfiança dos anfitriões e intimidava os visitantes, que juiz e bandeirinhas costumavam sucumbir às pressões, etc. Minha mãe não se dava por vencida e, teimosa, mantinha sua contrariedade. Juro que às vezes eu também não entendo, mas o futebol quase nunca é racionalmente explicável e facilmente compreensível. Fechando seu ciclo de jogos em casa na fase de grupos, o Flamengo conseguiu sua terceira convincente vitória. E o curioso é que, na condição de visitante, o time também jogou bem melhor que seus dois adversários, só que perdeu as duas partidas. As discutíveis explicações que eu tentava dar à minha mãe continuam valendo, mas por que a bola entra aqui e não entra lá é algo que permanece sob certo mistério. Para quarenta milhões de pessoas que se habituaram, pelo menos nessa década, a ver o Flamengo tenso e desorientado em momentos embaçados dos jogos, foi bacana observar como o time reagiu após o empate da Universidad Católica. Tomou o gol na segunda jogada perigosa do adversário – que eu me lembre, foram apenas duas durante toda a partida – e partiu atrás da vitória com serenidade, como se ela fosse consequência natural do eficiente futebol jogado por um time muitíssimo bem arrumado dentro de campo. Ainda temos problemas – que não serão resolvidos se insistirmos em tapar o sol com a peneira – e quem acompanha o blog sabe o que penso a respeito de certos jogadores e de algumas escolhas técnicas. Porém, não faz meu estilo acreditar que estou sempre certo, e prefiro mil vezes errar com o Flamengo ganhando do que acertar com o Flamengo perdendo. Rafael Vaz voltou do banco jogando sério e parece ter se convencido de que jamais será Frank de Boer. Considero-o um zagueiro lento, da mesma forma que um dos pontos fortes de Réver não é a velocidade. Mas, e daí? O Atlético Mineiro levantou a Libertadores de 2013 com um miolo de zaga lento – Leonardo Silva e Réver. Aliás, o Atlético Mineiro levantou a Libertadores perdendo, na semifinal e na final, os dois jogos de ida por dois a zero. Contra a Universidad Católica, o Flamengo esbanjou organização. Não acho que levamos o gol por culpa de fulano ou sicrano: às vezes esquecemos que do outro lado estão adversários que, mesmo não sendo o Real Madrid ou o Bayern de Munique, têm lá os seus méritos e querem vencer tanto quanto nós. Além do espírito coletivo e do equilíbrio demonstrados dentro de campo – sobretudo, repito, após o gol de empate, situação que costumava nos transformar na conhecida farândola do Capitão Nascimento –, Guerrero fez uma partida como há muito eu não via um atacante rubro-negro fazer, Willian Arão, Pará e Rodinei foram muito bem, e houve o capítulo especial chamado Márcio Araújo. Em 29 de novembro de 2016 publiquei um post crítico dizendo que aquela era a última vez em que eu falava do Márcio Araújo. Mas ele está merecendo. O conceito permanece: por mais que desarme, cubra e corrija falhas alheias, tenho imensa dificuldade em aceitar meio-campista que não participa das ações ofensivas – eu e os maiores times do futebol atual, que já abdicaram desse tipo de jogador. Porém, é justo reconhecer que Márcio Araújo tem jogado bem desde a partida contra o Santos, na penúltima rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado, inclusive se mostrando – pouco, é verdade – mais confiante nas ainda raras infiltrações. Não será fácil encarar o ressuscitado San Lorenzo – ter o Papa como torcedor não deixa de trazer suas vantagens – no estádio El Nuevo Gasómetro. Mas, apesar de ainda precisarmos evoluir em tantos aspectos, jogos como o de ontem nos deixam confiantes de que o Flamengo vai chegar. E acho que está na hora de provar que minha mãe talvez tivesse razão. […]
Quando eu frequentava mesa de botequim (“isso já faz muito tempo”, início do grande poema de Jorge de Lima”Essa nega fulô”), aquela que vocês conhecem, onde se resolvia os problemas mais graves do Brasil e do mundo, principalmente depois do terceiro uísque (falar nisso, quanto tempo não falo do meu velho professor, um Teacher “doze minutos” que, junto com meus gatos e minha máquina estão sempre presentes na minha vida, hoje, epa! caseira.Caceta,divagações sempre me enrolam, lá naquela mesa de vez em quando pintava um novato no local, tentando se enturmar, invariavelmente quando ele se despedia se oferecia pra pagar a despesa, claro, era o código de ética da mesa, o velho “cada um paga a sua”, e não deixávamos o calouro pagar, mas ficou o comentário mordaz ( desnecessário dizer que era o que predominava no papo): ” há malas que vem pra bem”.Essa história, isso já faz muito tempo, etc,etc., me veio a cabeça no sabor de uma derrota do Flamengo, a nossa derrota no basquete. Há pelo menos três anos que pinta aqui no Blog, o enaltecimento merecido de nossos bravos heróis do basquete, muitos até sugerindo que o técnico do time de basquete viesse dirigir o nosso time de futebol. Explicação dessa aparente contradição: me parece que estávamos caminhando para o penta no basquete e no futebol há três anos que não ganhamos nada. Agora, infelizmente, perdemos o rumo do penta, e estamos muito bem no futebol, pelo menos não haverá aqueles comentários sem “anexo”de então. A escrita pode se inverter, perdermos no basquete e começarmos a ganhar no futebol, claro, o Flamengo foi feito para ganhar tudo, até o manjadíssimo cuspe em distância. Será que poderemos inverter, mesmo com um gosto amargo na boca, o ditado verdadeiro: Há males que vêm pra bem”.
Meu bom Xisto, agora você me colocou numa enrascada. Mas não vou ficar em cima do muro.
Não lembro em que post foi, mas já escrevi aqui no RP&A que não gosto de basquete e citei até uma frase do meu pai: “Tem gol toda hora”. E há outra frase de um amigo são-paulino que acho genial: “Esporte é futebol; o resto é educação física”.
Desde que li pela primeira vez, achei infeliz o slogan “Orgulho da Nação”, lançado para definir o time de basquete do Flamengo. Claro: se o orgulho estava ali, significava que no futebol não tínhamos do que nos orgulhar. Isso incomodava e incomoda. Nunca me interessei por César Cielo, Diego Hipólito, Patrícia Amorim, Marcelinho, e talvez resida aí alguma imperdoável falha no meu rubro-negrismo. Lamento, mas meu negócio é futebol. E, pelo menos pra mim, é do futebol do Flamengo que precisamos nos orgulhar.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Jorge,
Mesmo que me peguem pra Cristo e digam que agora é fácil falar, pela boa fase em que se encontra, nunca comunguei muito das críticas ao Márcio Araújo. Pra mim, ele dá a segurança que a zaga – lenta, como você destaca – necessita. O Márcio Araújo é combativo, e se seus passes não são muito verticais, se ele não contribui com o ataque, pelo menos não compromete a defesa.
Já o Rômulo, por sua vez, que chegou para ocupar a vaga do Márcio Araújo, a meu ver ainda não disse a que veio. É pouco combativo, vacila nos desarmes, e quando recebe a bola toca pro lado ou pra trás, como quem quer se ver livre. Na hora que tenta um passe mais complexo, erra.
SRN!
Fala, Abel.
Mas então, rapaz: essa discussão a respeito do Márcio Araújo virou quase que um FlaxFlu particular. Um monte de gente acha que o Márcio Araújo não faz nada que preste, um monte de gente acha o Flamengo incapaz de jogar sem o Márcio Araújo.
Pra mim, nem oito nem oitenta. Independentemente de ser craque – aí sim, espero que ninguém discuta -, é possível montar um esquema com ele, a coisa funcionar e ganharmos títulos. Repito o que respondi em um dos comentários desse post: o Atlético Mineiro venceu a Libertadores com Pierre de titular no meio-campo. No futebol, tudo é possível. É claro que Márcio Araújo desarma, faz coberturas, corre muito e se dedica, o grande problema é não participar das ações ofensivas, não tentar uma tabela na frente, não esticar um passe, não bater no gol. Rafael Vaz parou com aqueles lançamentos infrutíferos – ano passado, de tantos e tantos que a gente viu, só um deu certo: o que originou o gol de Willian Arão na vitória por dois a zero sobre o Figueirense, no Pacaembu – não apenas porque o treinador deve ter pedido, mas também porque Márcio Araújo deixou de se omitir na saída de bola. (O que provavelmente também foi orientação do Zé Ricardo.)
Você tocou em outro ponto que considero importante: o Rômulo. Lembro do Rômulo atuando pelo Vasco e era muito bom, o que não quer dizer nada. Mas eu não sei por que, toda vez que alguém critica o Márcio Araújo – com ou sem razão, não é esse o ponto aqui -, sempre vem a comparação com o Rômulo ou o Cuéllar ou o Cáceres ou o Amaral, sei lá. Tudo bem: estamos no meio da competição, não há como mexer no elenco, mas será que não podemos olhar para fora? Mesmo que Cuéllar e Rômulo não tenham funcionado como esperávamos (o que é discutível), não precisamos nos conformar com o que temos. Aliás, a contratação de Cuéllar no início do ano passado e a de Rômulo no começo desse ano são elementos suficientes para concluirmos que, ao contrário do que eles mesmos afirmam em público, os próprios integrantes da Comissão Técnica do Flamengo consideram importante ter um upgrade ali. Se ainda não acertamos no cara que vai nos dar esse upgrade é outro papo.
Vamo que vamo.
Abração. SRN. Paz e Amor.
E essa é uma boa oportunidade pra vendermos o Rômulo. Se não for fake news, o Galatasaray tá oferecendo uma grana preta nele. Em euros.
GUERRERO vem jogando muito bem.
Se
o mengão se classificar pras oitavas.
Se
ele continuar jogando assim com o retorno de Diego.
Se
um dia Ederson voltar e Conca jogar metade do que jogava,
Flamengo é grande candidato ao bi campeonato continental.
Fala, Fred.
Pois é. A torcida é para que tudo isso aí que você falou aconteça. E o mais rápido possível.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Essa parada esta difícil, mas não impossível.
Vai ser a prova definitiva para o time, a divisão das aguas.
Ou consegue se classificar e leva o ímpeto para todas competições – ou morre na praia e vamos começar do zero, ou quase.
Do zero? Sim, pq se falharmos tudo vai ser criticado de novo. Tudo.
Até a cor do barbante do sapato do faxineiro.
Salve-se disso quem poder.
Por minha parte, acho que se classificando ou não precisamos de vários jogadores.
E quero ver o nosso único goleador em campo.
Nao me deixo iludir pela forma do G-Erro que demorou quase 1,5 ANOS para mostrar para que veio. Coloquem os jovens durante tanto tempo e com tanta cobertura – ai sim, aceitaria a titularidade de um peruano velhinho.
Antes nao.
Mas isso é soh pra não dizer que não falei – das flores murchas.
SRN
Fala, Henrique.
Sim, você nunca “comprou” o Guerrero. Eu gosto muito do futebol dele.
Concordo: é fundamental ganhar títulos importantes, pra gente continuar andando pra frente.
Discordo: em clube grande e cheio de cobranças, não dá para apostar nos jovens – sejam da base, sejam trazidos de algum lugar – durante tanto tempo. Claro que há um período de maturação, mas mesmo que o cara não entre arrebentando, tem que entrar e desempenhar, o que não tem acontecido com a nossa garotada. Fica a impressão que os caras acham que o sucesso vai cair do céu.
Também não sei se é correta a definição de “peruano velhinho”. No tempo em que comecei a acompanhar futebol, ninguém jogava com mais de trinta anos. Hoje, as coisas mudaram muito.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Ai vc tem razao, falando do G-Erro – velhinho sou eu. Era soh pra provocar um pouco, jah que enfim ele esta jogando bem – o que pode acabar amanha, sejamos claro. E o que demorou, hein? Bota demora nisso!
Mas discordo totalmente do que voce fala dos garotos.
Quem nao “desempenhou” bem? O Vizeu, por exemplo? Ele entrou melhor que qualquer um la na frente, qualquer um, e fez gols – ai tiraram ele para a entrada o dito cujo ai de cima, que antes da volta da seleçao dele nao estava jogando nada e depois idem.
E queimaram “meio lado” do rapaz com isso, que perdeu um pouco de confiança, algo necessario para goleador (o que ELE é). Continuou, nas suas entradas, mais ou menos, assim mesmo nao teve mais chance de entrar e estabelecer, o que teria meritado.
Nao, a politica do clube com seus garotos nao é boa. Sei que voce discorda. Mas eu discordo da sua discordancia. Eh mais do que obvio que pesam com duas balanças as prestaçoes dos trazidos de fora e os da casa. Jah sao ANOS que temos que aturar um Gabriel que, esse sim, nao desempenha poha nenhuma – mas fica. E com todos os treineiros, nao soh com o Zé.
Nao, isso dai nao estah bem e enquanto nao melhorar, nao vamos nem ver um futebol que alegra de verdade, pois cria da casa alegra mais, e muito menos vamos ter algum tipo de lucro que conte de verdade.
Repito mais uma vez: o BASEL ganha MUITO MAIS com compras de talentos e vendas de jogadores jovens da sua base que o Mengao. Dah de 10×0 no Mengao.
Pode isso???
Abraçao RN
Cara, quanto mais velhos ficamos, mais nos surpreende como o futebol é apaixonante e como as discussões sobre futebol são divertidas.
Você não gosta do Guerrero, jamais aprovou sua contratação, e sempre que pode dá uma cutucada nele. Eu gosto do Guerrero – prefiro mil vezes centroavantes que se movimentam e jogam pro time do que aqueles que apenas empurram a bola pra dentro do gol – e tento defendê-lo até mesmo quando as coisas dão errado. Daí que não vamos sair disso, e o pior é que há bons argumentos dos dois lados. Viva o futebol, viva a divergência de opiniões.
Não concordo que Guerrero tenha demorado a jogar bem. Aliás, há um componente muito doido nessa história. Criticamos – e você sabe perfeitamente que quando penso que devo criticar, também critico – o Pará, o Rafael Vaz, a dispersão do Jorge, o Márcio Araújo, a lentidão do Willian Arão, o Marcelo Cirino, o Gabriel, o Fernandinho, o Éverton, o Guerrero, o Leandro Damião, acima de todos criticamos o nosso técnico, e no entanto chegamos em terceiro lugar no equilibrado e duríssimo Campeonato Brasileiro, com o mesmo número de pontos do segundo colocado e nove pontos a mais que o terceiro – o Atlético Mineiro com seu fortíssimo elenco. Não há algo estranho aí?
Não me coloco por fora da estranheza, porque também critiquei e critico um monte de coisas, e sei que a cobrança talvez seja o motor da evolução. Mas que é esquisito, é.
Concordo plenamente com você: a política do clube com os garotos não é boa, e parece que se está trabalhando para melhorar isso. Mas enquanto não colhemos os frutos, não dá para achar que o cara vai entrar e resolver nossos problemas só porque é da base. Isso eu não aceito, e isso fez parte da minha argumentação no post “Jorge, Patrick e Joaosinho Trinta”, publicado em 6 de fevereiro.
Se você particulariza e fala que o Vizeu deve entrar, ok. (Embora eu não concorde, a não ser que nosso treinador ponha em prática um esquema que aproveite ele e Guerrero juntos.) Mas não consigo concordar com os que dizem que precisamos lançar os garotos da base, como se fosse algo automático: passou pela base do Flamengo, é craque. Tem gente que pede o Thiago Ennes (que acho que foi emprestado), o Dener, o Michael, o Moraes, o Ronaldo, o Trindade (que também não sei por onde anda), o Cafu, o Matheus Sávio, o Thiago Santos, o Paquetá, o Lincoln. Nem na geração do Zico tivemos essa quantidade de caras bons saindo da base.
Outro dia surgiu a informação de que o Benfica estaria levando o Vizeu por 8 milhões de euros. Ontem foi lançado o boato de que o Real Madrid estaria disposto a pagar 45 milhões de euros pelo Vinícius Jr. É claro que os europeus não acertam em todas, mas de bobos eles não têm nada.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Concordo contigo sobre o nosso camisa 8. Hj em dia se exige q meio-campistas ofensivos façam a recomposição defensiva. Da msm forma, os volantes devem ser capazes de articular o jogo ofensivo. Mas temos q reconhecer q o Márcio Araújo está compensando a falta de qualidade com a redonda atuando monstruosamente na proteção.
No mais, contra a Católica o time mostrou brios q eu ainda não tinha visto nessa Libertadores. Temos uma equipe muito cerebral, calculada, q sempre se doou muito, mas sempre com a razão. Acrescentar um pouco mais de nervo e coração pode forjar um elenco campeão. Me animei mto, mais do q após o jogo contra o San Lorenzo.
É isso aí, Luiz.
A única coisa que acho – e creio que já escrevi isso em algum post ou comentário – é que vejo o time mais preparado para o Campeonato Brasileiro do que para a Libertadores. Talvez até por causa disso mesmo que você falou.
Tomara que eu esteja enganado e que a gente ganhe tudo. (O que, diga-se, nenhum clube brasileiro jamais conseguiu no mesmo ano.)
Abração. SRN. Paz e Amor.
Murtinho, existe um jargão pra lá de consagrado ( eu só falo o óbvio, se é jargão subtende-se o consagrado) vociferado de várias maneira, “futebol é bom por isso”, “futebol não tem lógica””é por isso que eu gosto de futebol” e o famigerado” futebol é uma caixinha de surpresa”de um dos pioneiros comentaristas esportivos, Bejamin Wright, pois eu penso exatamente o contrário, é por isso que eu não gosto de futebol, quer dizer é por esses tais imprevistos que eu tenho ódio do futebol, embora o ame como um todo ( contradição é comigo mesmo).Pra mim teria que ser o simples, jogou melhor, ganhou, jogou pior, perdeu, simples assim, nada do solichiano, gano el mejor. O Flamengo é especialista em jogar bem, às vezes, bem melhor que o adversário e perder, domina, domina e…perde ou obtém um mísero empate, Curiosamente, nessa última partida jogamos igual ou até um pouco melhor do que jogamos no jogo na terra deles, perdemos lá, merecendo vencer, aqui,vencemos merecidamente , a meu ver, a UC jogou até muito melhor do que lá, tão bem, que acho difícil que aquele genérico que nos derrotou, um timeco como todos esses pequenos que só nascem pra pentelhar o Flamengo, dificilmente vai ganhar deles, o que, parece, será bom pra nós. Falar em genéricos fajutos, fomos bem superiores nos dois jogos que tivemos contra os fakes do sul (terrinha foda, junto com S.Paulo lugar mais esquisito do Brasil; Bussunda já dizia que São Paulo foi o lugar mais esquisito que ele fez amor, pergunto eu: Curitiba se faz amor?), o que só vem confirmar a minha teoria, time pequeno só serve para atrapalhar o Flamengo, quando é com os outros abre as perninhas (não vou fazer comparações, embora a língua me queime).Concluindo, como diria o saudoso e desbocado Arthur Muhlenberger: caixinha de surpresa é meu ovo, ou a atualíssima e quridíssima musa, Nivinha, caixinha de surpresa é o caralho.
Pois é, Xisto.
Saporra aí é que me deixa encucado. Jogamos bem – e bem melhor que nossos adversários – nas cinco partidas. Por que caralhos a bola entra no Maracanã e não entra em Santiago ou em Curutiba? É muito doido isso.
Todos estamos com saudades do Arthur. Continuem pressionando, pra ver se acaba essa vagabundagem. Quanto à Nivinha, é isso aí: atualíssima, queridíssima, lindíssima e quantas mais íssimas do bem houver.
Abração. SRN. Paz e Amor.
fala murtinho,
temos que dar forca a qualquer jogador que estiver no time….
nosso bravo treinador mostrou que sabe do babado,time esta totalmente desfalcado e vem conseguindo os resultados.
domingo vem outra batalha…pq o time pode nao ser nenhuma brastemp,mas esta acertadinho.
VAI PRA CIMA DELES MENGOOO
VAMOS SER CAMPEOES
SRN !!!
Fala, Chacal. Grande Chacal.
Também acho que devemos apoiar o time em campo, mas não devemos nos omitir quando achamos – o que não quer dizer que tenhamos razão – que algo vai errado.
Alguns exemplos.
Rafael Vaz não é mau zagueiro, mas tem que jogar sério. Ou, como pudemos perceber pela leitura labial do Réver nos quatro a zero sobre o San Lorenzo, precisa jogar simples. Ou seja: a ideia de que Rafael Vaz precisava parar de inventar e de querer fazer mais do que sabe não era perseguição de torcedores, mas preocupava inclusive os companheiros dentro de campo.
Márcio Araújo não podia abdicar das manobras ofensivas do time. O futebol moderno exige intensa participação de todos, tanto no ataque quanto na defesa. Márcio Araújo ganhou confiança, deixou de se omitir nas saídas de bola, passou a aparecer mais na intermediária adversária, melhorou.
Ou seja: por mais que a gente goste do técnico – eu gosto do Zé Ricardo – e apoie o time que entra em campo, criticar às vezes é importante para ajudar o time a evoluir.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Tava aguardando seu post para ver o que vc ia falar do Marcio Araujo, Murtinho.
O fato é que desde que voltou a ser titular, o time tá muito mais organizado, do jeito que vc descreve no seu ótimo texto.
SRN
Fala, Julio.
Antes de mais nada, obrigado pelo “ótimo texto”.
É a tal história: jogou bem, elogios; jogou mal, críticas. Não tem mistério, é futebol, não há porque ficar filosofando. Ninguém quer queimar ninguém – e seria de uma arrogância ímpar achar que o RP&A teria poder para isso -, é apenas um jeito de botar pra fora as angústias de qualquer torcedor.
Márcio Araújo tem jogado bem, sobretudo porque está um pouquinho mais assanhado nas manobras ofensivas. E era exatamente disso que todos reclamávamos.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Sua mãe tem razão…
Pelo menos em termos de desempenho, o atual Flamengo praticamente não oscila entre os jogos.
Sempre que jogou jogos que valiam alguma coisa (fases preliminares do Carioqueta não entram nesta conta), o time do Flamengo foi soberano em termos de domínio da partida.
O time comandado pelo Zé Ricardo tem o controle da bola; cria inúmeras chances de gol e sofre pouquíssimo na defesa. A diferença verificada no final dos jogos (vitória ou derrota) é fruto única e exclusivamente de dois fatores essenciais.
O primeiro é o aproveitamento das chances criadas. Coisa que o atual time do Flamengo é prodígio em desperdiçar. Foram, apenas para ficar nos últimos 3 jogos, 44 finalizações do time para apenas 5 gols.
E, dessas, ao menos 11 foram chances claríssimas de gol criadas pelo nosso time.
Se tivéssemos jogadores com um nível de aproveitamento melhor, ganharíamos com 4 ou mais gols de diferença todos esses jogos.
O segundo fator diz respeito às falhas individuais dos atletas.
Quando não verificamos esse tipo de falha grotesca (assistência do Vaz para o Santiago Silva; frango do Muralha, etc), o time sofre pouquíssimo na parte defensiva. Tanto que a derrota para o Genérico/PR terminou com números impressionantes. Foram 18 finalizações nossas (sendo 10 dentro da área) contra 5 finalizações dos paranaenses (2 dentro da área – os dois gols).
Ou seja, ganhamos em todos os aspectos, menos na eficiência de marcar os gols. E, no futebol, é isso que acaba valendo.
Para o jogo contra o San Lorenzo a expectativa é exatamente a mesma que dos últimos jogos.
Flamengo deve dominar a bola, controlar o jogo, criar oportunidades e, se for eficaz, elimina qualquer chance de reação dos argentinos. O problema é o “SE”.
Fala, Vagner.
Deixa eu juntar o seu comentário a uma curiosidade dita pelo PVC na transmissão do canal Fox Sports.
Não estou bem certo, mas creio que no intervalo do jogo ele informou que o Flamengo tinha concluído não sei quantas vezes e que todas as conclusões – vou reforçar: todas – haviam sido do Guerrero.
(Também sobre isso recaíam meus temores pela contusão do Diego: fosse qual fosse a escolha de Zé Ricardo, e com Ederson e Conca fora de combate, não tínhamos quem chegasse pelo meio batendo no gol.)
Mas o principal é: você não acha que, com Éverton e Gabriel, nossa capacidade de assustar o adversário quase se apaga? Um exemplo: Berrío é meio amalucado, meio atrapalhado, às vezes parece querer enfrentar Leandro Damião numa batalha para ver quem mais briga com a bola, mas naquele jogo com o Vasco ele dominou na extensão da área, limpou para a perna direita e mandou uma varada. Gol. Atacante precisa fazer isso. Não pretendo, ao menos nessa resposta, discutir as qualidades e os defeitos de Éverton e Gabriel, mas você não acha que escalar os dois como atacantes ao mesmo tempo, e sem um meia no estilo do Diego e do Conca, deixa o nosso time muito pouco agressivo?
Estamos jogando bem sim, há muito mérito do Zé Ricardo nisso, mas precisamos urgentemente aumentar nossa eficiência ofensiva, torcer para Rafael Vaz continuar jogando sério e que Muralha recupere a confiança perdida.
Mas, estou confiante. Vai dar certo e vamos em frente.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Também acho que precisamos de jogadores com mais poder ofensivo.
Ederson e Conca estão à disposição para jogar (FINALMENTE!!). Vem aí o Vinícius Jr., que é um grande talento que poderemos utilizar durante os próximos 14 meses. E ainda tem a provável vinda do Éverton Ribeiro a partir de junho.
Com esses jogadores para serem encaixados, tenho certeza de que não sofreremos mais do jeito que estamos sofrendo para vencer os jogos. São muitas oportunidades claras de gol que vão pro “saco”. Não dá pra ganhar títulos em mata-mata errando tanto.
Com esses jogadores que estão chegando teremos muitas opções de formação, inclusive jogadores que possam fazer a função do Diego e não mais obrigar o Zé Ricardo a “se virar nos 30” para montar o time.
Com jogadores mais contundentes, o jogo do Guerrero tende a crescer ainda mais. Tenho certeza disso.
Fique tranquilo, caríssimo Murtinho.
Asseguro, a sua mãe NÃO tinha razão.
Evidentemente, vitórias aconteceram, acontecem e continuarão a acontecer na casa alheia, mas as estatísticas – apesar do meu ódio às malditas – não deixam margem a dúvidas – é im grande negócio se jogar em seus próprios domínios.
Aí mora o perigo, apesar do nosso pobre Genérico desmentir a regra.
Ganhou lá – com uma sorte imensa e ainda se aproveitando da falta de preparo dos argentinos – mas tomou um vareio, com toda grama sintética.
Nosso jogo contra a Católica foi o melhor que fizemos, no ano e, até onde me lembro, em alguns anos.
Cabe destacar, a meu sentir, a fibra demonstrada.
Jogamos ao bom estilo Libertadores.
Além do mais, bem.
O nosso técnico, o Zé Ricardo, a quem sempre fiz críticas, brilhou intensamente, ao insistir na sua tática de laterais mais laterais.
Vinha afirmando que o nosso time, no estilo ZR, jogava com atacantes – fora o Guerrero, é óbvio – fazendo o papel de ponteiros/laterais.
Isto ficou mais do que claro neste vitorioso jogo. Até porque os atacantes acabaram sendo substituídos por verdadeiros laterais, tanto pelo lado direito – logo no início da etapa final – como pelo lado esquerdo, aí logo em seguida ao segundo gol, mas já se pretendendo a substituição antes mesmo do importante gol.
Agora, convenhamos.
O Zé tem uma SORTE do capeta, que falta demonstrar na conquista de títulos, no tocante ao time principal.
Há mais de setenta anos frequento as arquibancadas (a bem da verdade, nos últimos anos, a TV) e NUNCA, em centenas de melhares de partidas, VI um lateral direito destro (há os ambidestros, como o maior de todos, o nosso Leandro) fazer um gol de canhota, ainda mais acertando um verdadeiro petardo, e um canhoto (há os destros, como o nosso grande Júnior), outro de direita.
DESAFIO a qualquer um que me dê um exemplo semelhante. Além do mais, dois gols em três, não numa goleada.
Jogamos bem, assim como os chilenos (não tiveram muitas chances, com certeza mais uma, numa defesa bem difícil do inseguro Muralha, ainda no primeiro tempo), cumprindo reconhecer, no entanto, que, com o placar ainda em zero, a maior chance perdida de todo o jogo foi deles, em jogada construída pela falha dos nossos dois zagueiros de área, permitindo a infiltração livre do atacante (mais meio de campo, na verdade) deles.
Guerrero foi o GRANDE ASTRO do jogo.
Perdeu também um gol que tenho como imperdível, mas chutou todas, quase sempre muito bem.
Interessante, fez o gol no lance mais difícil, a única bola que chutou cruzada, um pouco beneficiado pela substituição, por contusão, do zagueiro que estava na marcação (quem conhece, disse que se tratava de um lateral direito improvisado, mas jogou bem, não dando espaço para chutes cruzados, como o do gol).
Parabéns para o Zé Ricardo, efusivos, parabéns, com restrições, pois continuou sem saber se infiltrar, para o Márcio Araújo, muito prejudicado na sua análise pela extraordinária exibição, no dia anterior, do alemão Kroos, aí sim, um verdadeiro show de bola.
Entendo que o jogo na Argentina será duríssimo, mas tenho fé na classificação, principalmente por não acreditar que os paranaenses possam ter êxito no Chile, onde, com muita sorte, poderão conseguir um empate, a menos que … a sua mãe, enfim, esteja com a razão.
Fraternas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Meu querido Carlos Moraes.
Ainda bem que não há possibilidade de morto enlouquecer, porque vocês estão querendo endoidar minha falecida mãe.
Você diz que ela estava errada, Áureo e Vagner afirmam que Dona Myrian tinha razão. E aí, como ficamos? O que posso garantir é que, lá em cima, meu pai continua sorrindo amarelo e saindo de fininho.
De qualquer modo, o post tenta levantar a questão: por que, pelo menos até agora, jogamos quase que da mesma forma as cinco partidas – em todas fomos superiores aos adversários -, ganhamos as três em casa e perdemos as duas fora?
Os gols de pés trocados não são comuns, mas há um do qual não esqueço: o do lateral direito Vitor, do Goiás, na vitória por quatro a dois sobre o São Paulo na penúltima rodada do Campeonato Brasileiro de 2009, a que nos pôs em primeiro lugar. Em contrapartida, há um de triste memória pra nós: o de Cocada, na final do Campeonato Estadual de 1988.
Também acredito que vamos nos classificar, tanto por termos time para não perder na Argentina quanto por não acreditar em derrota da Universidad Católica.
Por fim: você não acha cedo para colar na testa de Zé Ricardo o carimbo da “falta de títulos”?
Abração. SRN. Paz e Amor.
Grande Murtinho,
quero, em primeiro lugar, esclarecer que não coloquei CARIMBO no Zé, que, HOJE À TARDE, tem tudo para conquistar o seu primeiro título como profissional.
Não seria maluco, em um só ano no exercício da profissão.
Apenas constatei que tem muita SORTE, em alguns momentos dos nossos jogos, precisando confirmar a estrela com conquistas.
Por outro lado, apesar de você não gostar de basquete, fiquei preocupado na sexta-feira.
Lá estavam, sentadinhos como dois amigos inseperáveis, algo parecido com um certo Juiz e o apelidado Mineirinho na festa da Isto É, EBM e Zé.
No final das contas, ELIMINAÇÃO (vergonhosa) para um time meia boca. Mau sinal, a menos que o nosso amigo Xisto esteja certo.
Quanto aos gols de pés trocados, continua o DESAFIO.
Não vale um só gol.
Quero que me digam UMA SÓ partida em que o lateral direito destro fez gol de esquerda e o lateral esquerdo canhoto fez gol de direita.
Creio que já seria bem difícil apenas dois gols de laterais no mesmo jogo (mas já aconteceu).
Se me trouxerem a resposta, irei rasgar, antes de receber, o novo diploma de Doutor Honoris Causa em Futebol pela Universidade de Salamanca, que já providenciei.
Pouparei o Chacal do esforço.
Fraternas SRN
FLAMENGO SEMPRE
Tá certo, meu amigo.
Devidamente esclarecida a questão do carimbo e providencialmente registrada a história dos pés-frios. Tomara que tenha sido apenas no bola ao cesto.
Por falar nisso, acho discutível a teoria da sorte do Zé Ricardo. Deu sorte aqui, deu azar ali, faz parte do futebol.
Desculpe, só agora entendi seu desafio dos gols de pés trocados. Aí você pegou pesado e me permito reproduzir aqui – e também como uma homenagem ao lendário gato do Xisto – o magistral conto “Federico”, do mestre Luis Fernando Verissimo. Lá vai:
Federico Fellini se divertia com o espanto do seu produtor.
– Você está brincando comigo, Federico.
– Não, não. É verdade.
– Não acredito.
– Mas é verdade. Meu próximo filme terá dois personagens. No máximo três.
– Eu estou sonhando.
– E só um cenário.
– Já sei. O Coliseu, todo pintado de rosa.
– Não. Um apartamento.
– Um apartamento enorme…
– Um apartamento de tamanho médio. De classe média. Decoração normal.
– Me belisca. Eu estou sonhando.
– Você não está sonhando.
– Já sei. Já vi tudo. Os personagens sonham. Sonhos espetaculares. Manadas de elefantes fosforescentes passeando pelas ruas da Babilônia.
– Não. Nenhum sonho. Apenas os dois personagens acordados, dentro de um apartamento comum.
– Só isso?
– Só.
– Você não quer que eu mande construir um navio em tamanho natural?
– Não.
– Você não quer que eu encontre uma mulher com três metros de altura?
– Não.
– Dezessete anões com chifres?
– Não.
– Um hermafrodita albino?
– Pra que toda essa gente? Eles só encheriam o apartamento.
– E esses personagens, que tamanho têm.
– São pessoas comuns, de tamanho normal. Um homem e uma mulher. Talvez uma empregada, para servir o chá.
– Tamanho normal também.
– Normalíssimo.
– Federico! Olhe aí, eu estou até arrepiado. É tudo com que eu sempre sonhei! Uma história intimista. Uma produção sem problemas. Principalmente um orçamento baixo. Até que enfim!
– Que bom que você gostou.
– Tem certeza de que você não vai querer nem um elefante?
– Nem um gato.
– Deus seja louvado.
– Bem, talvez um gato.
– Certo.
– Caolho.
– Um gato caolho. Não tem problema.
– Dez gatos caolhos.
– Dez?
– Oitocentos.
– Federico…
Meu querido Carlos Moraes: nesse desafio dos gols de pés trocados, você tá parecendo Fellini sacaneando o produtor.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Quem não reconhece a eficácia de Márcio Araújo para desarmar e dar passes ,(Sim!Passes certos!)não entende minimamente de futebol.
Meu caro Júlio.
Ninguém discute a eficácia de Márcio Araújo para desarmar. Quanto ao quesito “dar passes”, há controvérsias – a não ser que a gente considere passe certo aquela rolada de bola lateral para um companheiro situado a dois metros de distância.
Márcio Araújo tem desarmado e feito coberturas com a eficiência de sempre, mas no que ele está melhor – embora longe do ideal – é na participação nas manobras ofensivas do time. Quem joga no meio-campo e tem acesso à bola durante o tempo inteiro precisa saber lançar um companheiro, aparecer para uma tabela, arriscar chutes de fora da área.
Mas é complicado mesmo. Há varias maneiras de se enxergar o futebol, e todas podem funcionar. Só não concordo com essa história de que “quem não pensa do jeito que eu penso é porque não entende nada”.
Como diria a personagem que dá início ao post, Dona Myrian Nazareth Murtinho, humildade e caldo de galinha nunca fazem mal a ninguém.
Abração. SRN. Paz e Amor.
[…] REPÚBLICA PAZ E AMOR: Por Jorge Murtinho Minha mãe nunca se interessou por futebol. Entretanto, enquanto se desdobrava para impor o mínimo de disciplina àquela dúzia de familiares e deixar a casa em ordem, ela pescava uma ou outra discussão futebolística e vez em quando se arriscava em alguns poucos palpites. Minha mãe desconfiava da vantagem ou desvantagem de jogar em casa ou na casa do adversário, e indagava: se a bola é igual, se o campo é do mesmo tamanho, se é lá dentro que as coisas se decidem, que diferença faz o jogo ser no Rio ou na Cochinchina? Sabendo que qualquer tentativa seria vã, meu pai e meus irmãos sorriam amarelo e saíam de fininho. Mais paciente, eu tentava explicar que o apoio da torcida servia como combustível extra para a autoconfiança dos anfitriões e intimidava os visitantes, que juiz e bandeirinhas costumavam sucumbir às pressões, etc. Minha mãe não se dava por vencida e, teimosa, mantinha sua contrariedade. Juro que às vezes eu também não entendo, mas o futebol quase nunca é racionalmente explicável e facilmente compreensível. Fechando seu ciclo de jogos em casa na fase de grupos, o Flamengo conseguiu sua terceira convincente vitória. E o curioso é que, na condição de visitante, o time também jogou bem melhor que seus dois adversários, só que perdeu as duas partidas. As discutíveis explicações que eu tentava dar à minha mãe continuam valendo, mas por que a bola entra aqui e não entra lá é algo que permanece sob certo mistério. Para quarenta milhões de pessoas que se habituaram, pelo menos nessa década, a ver o Flamengo tenso e desorientado em momentos embaçados dos jogos, foi bacana observar como o time reagiu após o empate da Universidad Católica. Tomou o gol na segunda jogada perigosa do adversário – que eu me lembre, foram apenas duas durante toda a partida – e partiu atrás da vitória com serenidade, como se ela fosse consequência natural do eficiente futebol jogado por um time muitíssimo bem arrumado dentro de campo. Ainda temos problemas – que não serão resolvidos se insistirmos em tapar o sol com a peneira – e quem acompanha o blog sabe o que penso a respeito de certos jogadores e de algumas escolhas técnicas. Porém, não faz meu estilo acreditar que estou sempre certo, e prefiro mil vezes errar com o Flamengo ganhando do que acertar com o Flamengo perdendo. Rafael Vaz voltou do banco jogando sério e parece ter se convencido de que jamais será Frank de Boer. Considero-o um zagueiro lento, da mesma forma que um dos pontos fortes de Réver não é a velocidade. Mas, e daí? O Atlético Mineiro levantou a Libertadores de 2013 com um miolo de zaga lento – Leonardo Silva e Réver. Aliás, o Atlético Mineiro levantou a Libertadores perdendo, na semifinal e na final, os dois jogos de ida por dois a zero. Contra a Universidad Católica, o Flamengo esbanjou organização. Não acho que levamos o gol por culpa de fulano ou sicrano: às vezes esquecemos que do outro lado estão adversários que, mesmo não sendo o Real Madrid ou o Bayern de Munique, têm lá os seus méritos e querem vencer tanto quanto nós. Além do espírito coletivo e do equilíbrio demonstrados dentro de campo – sobretudo, repito, após o gol de empate, situação que costumava nos transformar na conhecida farândola do Capitão Nascimento –, Guerrero fez uma partida como há muito eu não via um atacante rubro-negro fazer, Willian Arão, Pará e Rodinei foram muito bem, e houve o capítulo especial chamado Márcio Araújo. Em 29 de novembro de 2016 publiquei um post crítico dizendo que aquela era a última vez em que eu falava do Márcio Araújo. Mas ele está merecendo. O conceito permanece: por mais que desarme, cubra e corrija falhas alheias, tenho imensa dificuldade em aceitar meio-campista que não participa das ações ofensivas – eu e os maiores times do futebol atual, que já abdicaram desse tipo de jogador. Porém, é justo reconhecer que Márcio Araújo tem jogado bem desde a partida contra o Santos, na penúltima rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado, inclusive se mostrando – pouco, é verdade – mais confiante nas ainda raras infiltrações. Não será fácil encarar o ressuscitado San Lorenzo – ter o Papa como torcedor não deixa de trazer suas vantagens – no estádio El Nuevo Gasómetro. Mas, apesar de ainda precisarmos evoluir em tantos aspectos, jogos como o de ontem nos deixam confiantes de que o Flamengo vai chegar. E acho que está na hora de provar que minha mãe talvez tivesse razão. (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({}); Será que minha mãe tinha razão? was last modified: maio 4th, 2017 by Minuto Flamengo 0 comentário 0 Facebook Twitter Google + Pinterest post anterior […]
Rapaziada do Minuto Flamengo, valeu pela força.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Murtinho,
da mesma forma que você não é fã de time formado com jogador exercendo as funções do denominado antigamente “cabeça de área”, eu também não o sou. Até porque o futebol moderno já aboliu há tempos esta função.
Entretanto, os números estão aí para contrariar a opinião majoritária da crítica especializada, já que com o Zé Ricardo, mesmo “ressuscitando” o famigerado “cabeça-de-bagre”, o time perdeu apenas 5 partidas.
Para se ter uma ideia da extraordinária façanha do Zé Ricardo, comparemos com o Eduardo Batista que em somente 23 partidas, alcançou as mesmas 5 derrotas. E olha que o elenco do Palmeiras com certeza é um dos melhores do Brasil.
Quem sabe este sistema heterogêneo reinventado pelo Zé Ricardo, em que suor e arte se misturam para a obtenção de um resultado positivo, não venha ainda nos proporcionar muitas alegrias?
Saudações Rubro-Negras!
Sim, Áureo, é possível.
Aliás, completando o trecho do post em que cito o Atlético Mineiro: no que se refere à ausência de contribuição ofensiva, o único meio-campista dos grandes clubes brasileiros menos participativo que o Márcio Araújo é o Pierre, atualmente no Fluminense. (Repito: estou falando exclusivamente sobre ações ofensivas.) E quando o Atlético levantou a Libertadores, Pierre era titular naquele time dirigido por Cuca.
Vamos torcer para que a história se repita.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Não será fácil decidir no último jogo, sem dúvidas, mas devo admitir que a vitória de ontem me trouxe grande alívio.
À sombra de tantos vexames recentes, inevitável muitos de nós rubro-negros não termos ficado apreensivos ontem. Derrotas dentro de casa que selaram nossas desclassificações na Libertadores, e eu não podia deixar de reparar naqueles nomes peculiares dos jogadores do escrete adversário (Buonanotte, Noir, El tanque, Fuenzalida), como se já fossem prontos para as piadas na web no dia posterior. Mas dessa vez nem a sina onosmática (MUHLENBERG, 2017) prevaleceu sobre a magnitude da amálgama entre o time e a torcida que se fez presente ontem no Estádio Mário Filho. Fez-se Flamengo ontem no Maracanã da forma mais linda: com a alma ofensiva, a qualidade no passe que faz parte da nossa raíz (me perdoem os Nutella) e a capacidade de manter a mesma pegada, mesmo quando tomamos o gol e antigos espectros passaram a nos assombrar. Há quanto tempo um atacante rubro-negro não fazia um gol no melhor estilo Romário? E a partida que o Guerrero fez? Parabenizo grandemente todo o grupo. Ainda temos um grande desafio, lá na Argentina, mas o que o nosso time tem mostrado ultimamente nos dá a esperança de acreditar. Basta fazermos o que ainda não conseguimos nessa Liberta: pontuar fora de casa.
Meu caro Sampaio, que belo comentário!
Aliás, vou dizer: uma das coisas de que mais gosto aqui no RP&A é, justamente, a qualidade dos comentaristas. Ninguém quis ou quer comparar Guerrero com Romário – e, obviamente, você também não fez isso -, mas o nosso segundo gol foi mesmo bastante parecido com muitos que cansamos de ver o Baixinho fazer. E eu não vi nenhum comentário lembrando isso. Muito bom.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Caro Murtinho,
pois não é que eu também tenho o mesmo entendimento da sua mãe, pois o mando de campo para mim não é sinônimo de vitória.
Dois exemplos: Ganhamos fora de 4 x 2 do América do México e perdemos no Maracanã de 3 x 0. E, mais recente, ganhamos do Palestino no Chile por 1 x 0 e perdemos em Cariacica por 2 x 1.
No Campeonato Brasileiro do ano passado, o Flamengo começou a jogar no Maracanã a partir da 32ª rodada. Nos 4 jogos do Maracanã, somamos apenas 6 pontos, com um aproveitamento de 50%, sendo uma vitória e 3 empates. Já no restantes 3 jogos fora, tivemos um aproveitamento de 55,55%, com uma vitória e 2 empates.
Como podemos verificar, não houve nenhuma vantagem significava em jogar em casa, nos exemplos citados.
E este fenômeno não é novo. Não há muito tempo, o Flamengo cansava de perder partidas no Maracanã. Lembro-me mesmo de ter comentado aqui no RP&A que eu atribuía à razão desses fracassos ao fato de que, na ocasião, o nosso time era uma verdadeira “Legião Estrangeira”, ou seja, sem um jogador sequer formado nas bases do Flamengo.
Portanto, de pleno acordo com a sua mãe: “se a bola é igual, se o campo é do mesmo tamanho, se é lá dentro que as coisas se decidem, que diferença faz o jogo ser no Rio ou na Cochinchina?”
Por isso, acredito que o Papa irá amargar mais uma derrota do seu Clube frente ao Flamengo.
Mas, é claro que na maioria das vezes o Flamengo fez prevalecer o mando de campo. Os casos citados são exceções, que não confirmam a regra. Eu e a sua mãe temos que ter razão. (risos)
Saudações Rubro-Negras,
Pois é, Áureo.
Queira Deus – e que o Papa não nos leia – que minha mãe e você tenham razão. Pelo menos nessa última rodada da fase de grupos.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Belo texto! Faltou o nome da sua mãe… rs… Fez a citação mas não identificou a autoria da maneira devida! rs..
Fala, Esdras.
Pois então, rapaz: assim que o post foi publicado, Dona Myrian deve ter imediatamente levado a mão ao chinelo, para sapecar-me devidamente as nádegas. (Brincadeira: Dona Myrian nunca me bateu. Nem em mim, nem em nenhum dos outros quatro filhos que teve.)
Abração. SRN. Paz e Amor.
Ainda temos problemas – que não serão resolvidos se insistirmos em tapar o sol com a peneira – e quem acompanha o blog sabe o que penso a respeito de certos jogadores e de algumas escolhas técnicas. Porém, não faz meu estilo acreditar que estou sempre certo, e prefiro mil vezes errar com o Flamengo ganhando do que acertar com o Flamengo perdendo.
Perfeito o comentário do Duda Valle, também prefiro mil vezes errar com o Flamengo ganhando do que acertar com o Flamengo perdendo, perfeita síntese do meu pensamento e que também acrescenta acertadamente que ainda temos problemas, tampar o sol com a peneira como tem sido feito não resolve, esse comentário não poderia estar mais alinhado ao que penso sobre o momento atual do Flamengo e do costumeiro procedimento do Zé, sempre escalando os mesmos jogadores que nunca deram certo em detrimento de uma base promissora, mas, esquecida e sem ritmo de jogo por ser escalada raras vezes e sempre substituída quer jogue bem ou não, inconstância total e injustiça em relação aos jogadores da base que são promessas e com o Zé continuarão a ser eternamente…
SRN!!!
Pô, Gilberto, qualé? Acho que você não leu o post, meu camarada: na verdade, o Duda – que costuma prestigiar as bobagens que escrevo, concordando aqui, discordando ali, mas sempre participando – reproduziu as quatro primeiras linhas do quinto parágrafo do texto. Provavelmente, por ser este o trecho com o qual ele mais se identificou.
Como dizia um amigo redator de propaganda, que era um grande conhecedor da história do rock e ganhava todas as discussões sobre quem compôs isso, quem gravou aquilo, etc: eu não sei tudo; mas o que eu sei, eu sei. Parafraseando Henrique Morici (esse é o nome do meu amigo roqueiro): eu não acerto sempre; mas quando acerto, quem acertou fui eu.
Abração. SRN. Paz e Amor.
Valeu, Duda.
Esse aí talvez seja, realmente, o trecho mais importante do post.
Abração. SRN. Paz e Amor.