De três em três anos as massas justiceiras politicamente corretas, independente de sua afiliação clubística, têm a oportunidade de falar mal das eleições do Flamengo. Os antiflamengos não se tornaram célebres pelo seu compromisso com a coerência, mas não lhes faltam argumentos sólidos pra dar um pau no Mais Querido no campo da democracia aplicada. E os anti não estão sós, tem muito rubro-negro que faz coro e clama por maior representatividade no processo eleitoral flamengo.
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As centenárias regras do voto no Flamengo, a despeito das multidões fanatizadas que o seguem, veneram, engrandecem e sustentam, permitem que uma parcela estatisticamente insignificante de indivíduos, quase todos morando à distância de uma pernada da piscina da sede da Gávea, decida os destinos da Nação rubro-negra. É um privilégio branco descomunal sob quaisquer que sejam as réguas empregadas, e olha que nem todos os credenciados para exerce-lo se animam a faze-lo.
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Há muito se discute sobre essa distorção e sobre as formas de combate-la. Há os que lutam pelo voto dos sócios-torcedores. Que parece ser uma ideia bacana, mas no fundo é um caminho bonito que vai dar na mesma praça em que desagua a estrada exclusiva dos sócios-proprietários, patrimoniais e contribuintes, é um direito que se pode comprar. E todo direito que se pode adquirir em troca de dinheiro tem um quê de ilegitimidade irrecorrível.
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Tem também aquela galera que acha que voto é besteira, que o Flamengo deveria ter um dono e acabar com essa palhaçada democrática. Seus principais argumentos são clássicos: o que engorda o boi é o olho do dono e peru de fora não se manifesta. Ainda que muitos percebam que o negócio do Flamengo atual sejam os negócios é justamente a estreiteza dessa visão, sumamente antidemocrática, que a invalida como solução viável.
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Porque é muito legal que o Flamengo ainda seja democrático. Mesmo que seja de conhecimento geral que a democracia é a pior forma de governo com exceção de todas as demais e que o exercício da democracia do Flamengo seja condicionado à fatores puramente socioeconômicos, é indiscutível que uma democracia acima do peso, com perna quebrada e de ressaca sempre será superior à uma ditadura em plena forma.
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O Flamengo, pelo seu tamanho, capilaridade e liderança inconteste no campos políticos, econômicos, sociais e religiosos não deveria ter seu destino atrelado às vontades de uma elite detentora do direito ao voto de qualidade. Se o objetivo do processo eleitoral fosse buscar justiça e representatividade a escolha do presidente do Flamengo deveria ser não um direito de poucos, mas um dever de todos.
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Não apenas de todos os torcedores do Flamengo, mas de todos os torcedores, de todos os times, posto que o Flamengo e suas ações impactam de forma equânime a todos que deles dependem. E qualquer ser pensante que tenha um mínimo de consciência de como a banda toca sabe que do Flamengo dependem todos. Que cada passo do gigante vermelho e preto sobre a terra afeta a todas as torcidas e clubes do país sem exceção.
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Os mais perspicazes compreendem com facilidade que não é da benevolência do Flamengo que se deve esperar o jantar, mas da consideração que o Flamengo tem pelos seus próprios interesses. Seria lógico intuir que um Flamengo forte fortaleça a todos e que um Flamengo minguante diminua a todos igualmente. Que quanto melhor for gerido o Flamengo mais benefícios se derramariam sobre todos os seus rivais.
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Infelizmente essa compreensão ainda não está generalizada e muito tempo se perca no clube com disputas subalternas mais voltadas às vaidades humanas que aos ideais de grandeza de uma nação do tamanho do Flamengo. Mas as lutas intestinas no Flamengo também têm seu valor. Mantém o sangue quente e as cabeças ágeis, expondo o melhor e o pior dos contendores. É do atrito que vem a luz e união monolítica só é útil quando a arcoíris nos ataca.
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Como disse Zé Lins, não nos degradam as lutas internas que possam nos conduzir à sucessões suicidas. Brigamos em família para nos unir nos momentos precisos, nas horas de borrasca. Quando contra nós se acirram os ódios, os flamengos se fazem um bloco que a tudo resiste.
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Pode se até dizer que as eleições do Flamengo são danosas ao desempenho do time do Flamengo, assim como as eleições presidenciais são danosas ao país. Mas qualquer alternativa à regular alternância de poder é inaceitável. Impossível julgar os homens que se apegam aos cargos e relutam em desocupar a moita e menos ainda aos ambiciosos que almejam o poder, quem nunca?
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Ainda bem que a fila anda e mais cedo ou mais tarde todos tem que tomar uma posição, escolher um lado, declarar seu voto. Quem pode votar nas eleições do Flamengo não deve deixar de faze-lo e quem não pode não deve desistir de adquirir esse direito seja lá por que meios. Desde que sejam democráticos.
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Mengão Sempre
Belo texto, eu tenho uma sugestão pro processo de conseguir o direito ao voto. Como somos gigantes, precisamos focar na interregionalidade do Brasil que está repleto por pessoas apaixonadas pelo Flamengo. Sou do Acre e gostaria muito que houvesse uma sede Oficial do Flamengo em cada estado do Brasil, porque esse é o tamanho do Flamengo. Somos como qualquer outro órgão desses “importantões” estatais. Por que eu quero isso? Não é pra me sentir privilegiado, quero estar dentro do clube tanto quanto vocês, amigos cariocas. Quero poder me inteirar de pauta, de decisões, quero que cada estado tenha seu representante (s) dentro do conselho do Flamengo, quero que o Flamengo possa olhar pro acreano com mais carinho. Somos apenas apaixonados, que me cobrem por essa ilustre “presença”, pago, gostaria que os pobres o tivessem, mas se eu posso ter o simples acesso a “isso tudo” (poder estar dentro do Flamengo), eu posso, a partir daí, eu luto pelos meu flamenguistas acreanos que são carentes, promovo inclusão dentro da sede acreana.
Aposto que não sou o único flamenguista que gostaria que isso acontecesse, como bem colocado no texto, somos flamengos e brigamos, mas quando a poeira baixa todos cuidamos de todos. E todos são todos, não “todos os cariocas”.
“Democracia” é a maior falácia histórica inventada pelos eternos donos do poder mundial. Falácia saboreada e engolida pela massa ignara que se sentiu reconhecida e prestigiada sem suspeitar que a suposta bela e nobre iniciativa não passava de uma armadilha pra ampliar o já vasto arsenal de manipulação e controle sobre os robôs domesticados pela mídia corporativista. E a alternativa a essa democracia fake não é necessariamente a ditadura, como se o fantástico mecanismo corpo-mente da nossa espécie não fosse capaz de criar outras tantas alternativas/soluções se real interesse existisse. Sua definição “Governo do povo, para o povo, pelo povo”, só existe no papel. Ao Sistema interessa a dicotomia esquerda x direita – a velha e cansativa lenga-lenga “dividir pra conquistar”.
No Flamengo tá acontecendo a mesma coisa com essa infestação de extrema- direita no poder mantendo seus apaniguados no cargo à todo custo, mesmo sendo este um incompetente comprovado, queimando o filme da imagem da instituição e, inexplicavelmente, não tendo feito nenhuma contratação pra substituir os lesionados e os negociados.
Faz tempo que meu saco foi pro saco com esses personagens. Sou torcedor-raiz por criação e não consigo nem me emocionar mais. Domingo, depois do 2º gol, desliguei a tv e fui dormir.
Tite é muito conservador, careta e metido a diplomata pra ser treinador do Flamengo. Não tem sangue nos olhos, não passa isso pros jogadores. O Flamengo hoje se sustenta na entrega do Gérson, DLCruz e LAraújo. E continuamos sem um grande goleiro.
Se o Dunshee ou o Bap se elegerem, serão mais 3 anos do domínio BOÇALNARISTA no Flamengo. Com Tite e tudo.
Copa do Mundo!