O torcedor arcoirista tem vivido tempos muito difíceis. O Flamengo está insuportável no exercício da sua hegemonia. Não bastasse o que vem mostrando dentro de campo, subjugando seus adversários com extrema facilidade e algum espalhafato, o Flamengo também tem se dedicado a angariar a antipatia até de quem não gosta de futebol adotando posturas antipáticas e contrárias ao senso comum quando o assunto é a pandemia e os cuidados que ela demanda.

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Pra completar a explanação de que é o mais foda, e esfregar na cara dos pobres a sua afluência, o Flamengo só tem feito suas compras na Inglaterra, como se sabe, um dos mercados mais careiros da Europa. A chegada de David Luiz, especulada com muita perseverança pela torcida e alguns de seus arautos, confirma a profecia de Alexandre Kalil de que se deixassem o Flamengo se arrumar, esquece. Deixaram e o resultado tá aí, Flamengo totalmente dominante no país e no continente.

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Claro que tem gente torcendo o nariz, dizendo que David Luiz vive o outono de sua carreira, que no Arsenal não ganhou nada, que não arrumou nenhum clube na Europa, entre outras desdenhadas básicas e características de quem queria comprar, mas tava duro. Bem, mesmo se estivesse vivendo a era glacial da sua carreira David Luiz ainda sobraria e muito no futebol brasileiro.

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Como diz o pensador Bruno Henrique, David Luiz é outro patamar. Muita gente cultiva preconceitos antigos desde o 7×1 de 2014. Mas sete anos é muito tempo, tempo suficiente para que o ser humano substitua todas as 30 trilhões de células do seu corpo, ou seja, o David Luiz que chega ao Flamengo é literalmente outro jogador.

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Ainda por cima o cara bate falta. Sem falar que se o jogador David Luiz ainda pode gerar controvérsias dentro das quatro linhas, do lado de fora do campo o papo é outro. David Luiz, com milhões de seguidores nas redes sociais, é um potente canal de mídia global. Seu alcance é estratégico pros planos de dominação mundial do Mengão. Na aba de David Luiz as marcas rubro-negras vão chegar muito mais fortes em mercados cobiçados pelos grandes clubes do mundo. Acertaram nessa também.

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E dentro de campo continua aquele esculacho. O Flamengo não toma conhecimento de seus adversários. Foi à Porcoland todo desfalcado, perdeu Arrascaeta no começo do jogo e nem assim deixou de dar uma chapuletada de rigor nos times da ponta feia da Dutra. Mesmo tomando o primeiro gol o Flamengo não se abalou. No lance imediatamente seguinte Ribeiro colocou a bola na cabeça de Michael que subiu absoluto, no tempo certo, e desferiu a cabeçada de almanaque, de cima pra baixo, quicando a bola na relva e vencendo o goleiro porco. Golaço.

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Na etapa complementar o Flamengo, como já se tornou um hábito, voltou melhor e tomou conta do jogo. Vitinho cobrou um escanteio perfeito pra ascensão de Pedro e cabeçada precisa no canto alto do gol, 2×1. Chora, pormera! Ganhamos todas deles há 3 anos. No final, pra esculachar, mais um golaço de Michael, humilhando. Falar o quê desse cara? Ele é outro que, mesmo sem trocar todas as células do corpo, é um jogador muito diferente daquele que chegou do Goiás em 2020.

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Michael hoje é uma realidade, um atacante perigoso que bagunça as defesas dos maiores times do Brasil. No Dezoito Brumário de Louis Bonaparte, Tio Marx mandou a célebre frase “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”, Michael é mais um exemplo de que no Flamengo a história também se repete, primeiro como galhofa e depois como ameaça.

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Foi assim com Obina e com Brocador. A galera no começo zoava, mas Obina e o Broca em algum momento das suas vidas começaram a acreditar no que ouviam das arquibancadas, desandaram a fazer gol e se tornaram decisivos. Com o pequeno Micha tá rolando mesmo fenômeno de autossugestão. A torcida do Flamengo é a mais presciente do mundo.

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Evidente que essa fase boa de Michael, Vitinho, Gustavo Henrique e Bruno Vianna (que jogou demais no domingo) tem tudo a ver com a gestão de elenco feita pelo Renight. Dá pra ver a olho nu que os jogadores estão muito amarradões em campo, que o ambiente de trabalho é excelente e que todo mundo se diverte sem deixar de cumprir com as obrigações. Por isso que ninguém quer ir embora do Flamengo, ô lugarzinho bom pra trabalhar.

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Mas trabalha-se muito, jumentamente eu diria. A quantidade de jogos na temporada é absurda. O Flamengo, sempre fudido pelas convocações nas datas FIFA, já tá devendo três jogos no Brasileiro, que fatalmente serão pagos ao arrepio das leis que proíbem os clubes de jogar em intervalos menores do que 48 horas. Na medida em que o bicho for pegando em Liberta e Copa do Brasil o funil vai apertar legal e os jogos que podem ser decisivos pro nosso Enea talvez sejam disputados em condições muito longe das ideais.

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Amanhã mesmo tem jogo de volta pela Copa do Brasil, um evento totalmente desnecessário, posto que o Flamengo já garantiu a sua vaga na semifinal da competição quando fagocitou o Grêmio no jogo de ida em Porto Alegre. O certo era mandar o time de sósias a campo e manter a palhaçada em níveis aceitáveis. Mas o Flamengo tá envolvido em várias guerras simultâneas e uma delas é contra a proibição de público nos estádios.

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O Flamengo brigou nos tribunais pra poder vender ingressos e isso, provavelmente, vai influir na escalação da equipe. Melhor nem entrar no mérito da grande discussão, quem quiser e puder ir ao jogo que tome seus cuidados e vá. Pro torcedor é zero problema defender o Flamengo, mesmo quando ele tá errado. Até prova em contrário o Flamengo é o clube cidadão que respeita as leis e pode jogar com público porque tem uma liminar que garante esse direito.

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Mas o torcedor pode cobrar coerência do clube. Respeitar as leis implica em implementar nas eleições presidenciais de novembro, o voto à distância, como manda a Lei Pelé. Ser eleito nessas condições, seja lá quem for, só engrandecerá o Flamengo e o perfil de clube democrata, apesar de burguês, que vem cultivando com sucesso desde o século passado. Quanto mais gente votar, mais representatividade terá o eleito. Quem poderia ser contra mais representatividade no maior clube do país?

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Enquanto a eleição não chega, o Flamengo tem o país, o continente e o mundo para conquistar. Não é hora de dar bobeira e, principalmente, ativar todas as defesas astrais e espirituais pra afastar o olho-grande da freguesia. A quantidade de contusões, lesões e machucados que tem atingido nossa rapaziada não é normal. Só a inveja alheia explica. Vamo jogar um sal grosso aí e bola pra frente.  

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Mengão Sempre